pilates VII

Não aguento mais o Alemão do Teclado. Domingo de tarde para mim tem sido um martírio. Fisicamente estou bem, o que não posso afirmar de minha região abdominal e lombar. Cerveja aos baldes, para acompanhar a Alemãzinha. Não tem sido fácil. Está começando a me pesar essa vida de domingueiro. Eu que já fui um sujeito esbelto, retilíneo, com postura nobre, estou com um desvio na coluna, por conta do fardo estacionado na região límbica frontal. Me espanta seu Lídio, cada domingo com uma diferente.

Ontem aprendi o que é bullying. Foi da maneira mais difícil.

Tenho um conhecido, não dá para dizer que é amigo. Dois metros e vinte e três centímetros a sua altura. Permanecemos lado a lado na fila do cacetinho por uns quinze minutos. A padaria é concorrida. Sou de sessenta e tenho pouco mais, pouco menos, que um e sessenta. Foram os quinze mais longos de minha vida. Quase desisti do pão. Saí com uma dor na nuca. Lembrei do Pilates e as sessões de tortura. Sim, não podia ser indelicado com “meu opressor”. Quando converso é olho no olho. Se ainda tivéssemos no passeio público poderia propor que ele parasse na sarjeta.

Na saída, uma das mãos ocupada com os cacetinhos e outra segurando e massageando a nuca, dormente, olhando para o chão, dou de encontro com... O bulling estava completo. Tudo num só dia. Era a instrutora do Pilates. Não lembro se falei, mas aquela quem tem o apelido... Me estendeu a mão, juntou os cacetinhos esparramados e me convenceu que eu precisava voltar as seções de recuperação física.

A gerente de conta do banco já havia me ligado. Falou de seguro e benefícios, se voltasse ao pilates... Sabe como são essas instituições. Poderosas!! Depois da entrevista sobre benefício, do telefonema e do encontro inesperado, estava fechado o cerco, não tive opção, voltei as seções. Agora humanitárias.

Na terça estava lá. As dezessete em ponto. Abri a porta entrei, levantei os olhos e constatei: A decoração persiste. Acrescentarão equipamentos fixados ao forro e na parede do estúdio. Fui direto para o camão e me apresentaram ao fuzzy. Para os de sessenta é só lembrar da alça puta merda do Fusca. Claro o do estúdio é felpudinho.

Fiquei pendurado como se tivesse no consultório de um ginecologista. Que situação!!

Saudade do fusquinha. Os alemães inventaram essa maravilha automobilística refrigerada a ar, mas ela só foi considerada completa na década de sessenta quando adicionaram os ditos cujos, um de cada lado. Que utilidade. Será que o Joseph trabalhou na Volks?