Causos e provérbios funestos

Nos velhos tempos por aqui, era costume prestar uma última homenagem ao falecido, levando-o por cortejo fúnebre até o cemitério municipal a pé. Os parentes e amigos levavam o ataúde sustentado pelas alças, pelas ruas da cidade. No caminho todo, as lojas abaixavam as portas e o transito se subordinava ao andar lento do cortejo, formando carreatas ás vezes de pessoas que nada tinham a ver. Destas, sem buzinar, os apressados torcendo para pegar logo a primeira esquina para se mandar. Tudo em respeito ao falecido e seus parentes. Isto sem contar o sino da matriz anunciando o início do cortejo, depois da missa de corpo presente.

No trajeto, para chegar ao cemitério, era necessário descer a Avenida Benjamin Constante que ali terminava. Na época era conhecida como Rua Nova, não sei se por acaso, mas deveras adequado, desce-la era como ir desta para uma nova vida. Aliás era comum na cidade se referir a própria morte ou de outrem com termos como “descer a Rua Nova”.

Pois bem, certo dia, o boy da imobiliária que me atendia, que por acaso ficava no meio da descida da tal avenida, compareceu na loja para entregar-me um documento. Como sempre, brincava com as nossas funcionárias e neste dia se dirigiu às mesmas dizendo que num enterro recente, presenciou fato no mínimo estranho: o fundo do caixão se soltou liberando o defunto.

Pasmas, as meninas o questionaram do que aconteceu a seguir e ele muito espertinho foi logo dizendo:

“O coitado do defunto é que mais sofreu, teve que ir agarrado nas alças para não ficar para trás e perder o próprio enterro!”

Não sei se foi fato de fato ou não, mas fica o aviso, antes de colocar o falecido no caixão, verifique se o mesmo está seguro e informe-se se a funerária é de confiança. Melhor ainda, fortaleça o distinto com vitaminas ou quando der sinal de que vai desta para a outra, faça-o frequentar urgentemente uma academia para aguentar o tranco, ao descer a Rua Nova...

Outro causo

A respeito me lembro de uma narrativa constante de um livro escolar FTD, produzida pelo IOR ou Irmão Osmundo Ribeiro, marista, emérito professor de português, e na época de 1958, era o reitor do Colégio Marista daqui. Narrava o causo de um enterro de um falecido numa fazenda que teve de ser levado à cidade.

Assim, colocaram o caixão numa carroça e o carroceiro, numa subida íngreme, naquela conversa mole com o parente na boleia, nem percebeu que o caixão foi escorregando até cair da carroça.

Ao defunto, não restou outra alternativa senão correr atrás, pois o condutor e o carona não estavam nem ai, chegando à cidade esbaforido.

O causo foi contado com requintes literários de que não me lembro mais e nem mesmo como terminou a funesta narrativa, mas me impressionou pois me lembrei. Fica ai a ideia para alguém aproveitar e escrever algo ...

Provérbios

Aliás, um conhecido daqui, dono de uma loja de Materiais de Construção, sempre que brincava com ele, por começar bem cedo na labuta me respondia:

“O dono do defunto é quem pega na cabeça “.

Mas pasmem meus amigos, consultando o Google, verifiquei que é um provérbio português e nem sabia que era descendente...

Em tempo, lá encontrei também:

"Visitantes sempre dão prazer. Senão quando chegam, pelo menos quando partem."

De qualquer forma, espero que não levem a sério pois de minha parte foi um prazer tê-los aqui e que saiam igualmente deste modesto texto, mas lembrem-se de que: "Onde te querem muito, não vás amiúde." Ora pois pois...

Leia mais: http://www.quemdisse.com.br/

Nota: Não que queiramos estar a criticar, mas no site, constata-se que não é errado colocar o carro na frente dos bois pois “onde vai o carro, vão os bois.” Infelizmente foi o que fiz, não revisando e aprimorando este texto, como recomendam os doutos mestres.

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Leia este e os outros textos em: http://pauloazze.blogspot.com.br/