EU NÃO QUERO A SUA BUNDA

EU NÃO QUERO A SUA BUNDA!

Rua general Urquiza quase esquina da Avenida Ataúlfo de Paiva, a bermuda velha de guerra, havaianas e camisa polo surrada, estava indo ao banco. Com pensamentos contábeis na cabeça e os passos lentos, paro para ordenar umas contas quando observo de relance, um milésimo de segundo, a gata da academia passando ultra super produzida pra malhar, tudo empinado e a bunda... Bem, a bunda eu não sei descrever...

"Tá olhando o que terceira idade? essa bunda não é pra você, mesmo porque não ia dar conta!"

E eu:" ...??? Você tá falando comigo?"

É, estou sim...

Garota, olha aqui, vê se tô com cara, olha minha mão, conta pra cacete pra pagar... Qual é, tá nervosa, não tem o que fazer não?

Tava olhando sim! vai dizer que não?

Menina! Olhar a gente olha, qualquer um olha, mesmo porque sua roupa é um esforço danado pra atrair a atenção, qual é o problema, te desrespeitei? Vai se danar garota, e que negócio é esse de não dar conta, te pedi alguma coisa? te disse alguma coisa?

Vai dizer que o "senhor"( abusada!) não ia querer?

Cacête... Quer saber? quer saber mesmo? Não ia querer porra nenhuma, bunda nenhuma, não gosto de garota, gosto de mulher, entendeu? Mulher! Aliais, me diz, o que você cheirou, Nescau?

Ha!, Há!, Há! Não dá é conta, isso sim...

Viro as costas, não sem antes dizer: Tchau! Começo a andar, ela pega no meu braço falando baixo:

Tá me dispensando?

Continuo andando quase entrando no banco...Dispensando nada, garota, tenho o que fazer, dá licença, tira sua mão por favor?

Há não! O "senhor" não vai embora assim não, sabe quantos gatos miam atrás de mim? sabem quantos querem a minha bunda?

Porra, menina,(falo baixinho) me deixa em paz, olha aqui, juro que nunca mais olho pra sua bunda, mesmo se você passar de meia em meia hora, ok?

Agora me ofendeu, vai sair assim na maciota? Não! Ninguém dispensa uma bunda como a minha.

Nem tinha percebido, já tinha aberto a porta de vidro do banco, tinha umas pessoas nos caixas eletrônicos antes da roleta de entrada e elevo o tom: MENINA, EU NÃO QUERO A SUA BUNDA!, Tá legal? Silêncio geral...Um milésimo de segundo, que durou uma semana... É... é... é... gaguejo, ga-ga-garota, vai embora, vai! Me deixa em paz...

Senhor! por favor, tem algum objeto metálico no bolso?

Eu... Um momento.... recuo na porta giratória já enfiando as mãos nos bolsos e olho pra trás, tipo vapt-vupt, ela já tinha ido embora , e todo mundo, literalmente todo mundo nos caixas eletrônicos me olhando, estáticos...

Gino Bezzi dos Santos

gino santos
Enviado por gino santos em 04/09/2014
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