Opção Vital
Boas novas, os tolos são os donos do acaso, sãos pela sua benevolência, cruéis para si mesmos pela certeza de serem os cativos.
A vida é esta linda e nobre essência repleta de erros corretos, porém a morte é o seu fel complementar vivido no mar das diferenças. Somos esta razão, a dádiva da soberania, a sorte, a certeza e mesmo a destreza. O jogo porém é o sorrir, o olhar através de nossas almas e sentirmos o calafrio fúnebre: a impotência.
O que então é para ser? O que seriam das propostas sem o calor de abraços? O que é a indignação sem a ação? Tudo são pretextos, falas caladas e pensamentos que ensurdecem até os que já se foram. Somos as ações traduzidas em flores cujos espinhos fazem parte de um só corpo; belo, porém passível de dor aos desconhecidos que se perdem ou que se encontram na busca eterna.
A gangorra é o único altar ao qual nos sobressaímos vitoriosos; a clemência seria a tradução da “estupidez-mor”; a sanidade com certeza é a mais pura e bela revolta.
Quão lindas são as propostas de um outono cuja sequidão é o despertar de um inverno repleto de calores camuflados em desejos tímidos. Uma salada sem aroma e cujo vazio se resume em opções incertas. O amor duvidável; o ardor hibernado e a esperança vencida: o caos da incerteza; a fachada postiça e o rosto cirurgicamente mudado.
Quantas imperfeições exercem as segundas opções sobre nossas vidas. Ao amor o ódio, ao sonho o pesadelo, ao compromisso a omissão. Como somos tolos quando surgem as mudanças. O respeito pessoal se transmuta na ausência de moral.
O rancor é o que sobra de nossa vergonha: frases que surgem das tumbas grotescas da vida real, dor que refresca a verdade que não pode ser escondida, arrependimento que nunca aparece.
O que se fala nunca se faz, as propostas morrem e o mar da devassidão nos consome.
Esta é a vida, a real causa proposta, a verdade absoluta. Somos os cadáveres de nossas causas, os sonhos perdidos em afagos e a lógica de nossa própria opção vital.