Dádiva

O hoje é a postura pertinente, a lasciva jornada pelos fantásticos feitos da safra onde a colheita é puro fel, calma que se expande, gritos que ensurdecem as almas caladas. O hoje ainda é o sonho almejado, a conquista duvidosa dita como o realçar do talento hibernado. Quer-se no amanhã a consciência auto-sustentável, a fraqueza derrotada e a vitória “videnciada”.

Somos a imperfeição do perfeito mar dos sonhos concretos, a busca tardia por valores que nunca se consomem, mas que se ampliam na batalha para encontrar os erros escondidos, as artimanhas propostas por inseguranças que de tão belas nos seduzem. Na trilha de nossos devaneios a realidade é a coerência e a fantasia é a pertinência. Luz para os povos que na escuridão se perdem em afagos angustiantes e trevas para que os que vivem na clareza fajuta no intuito de que a realidade os alcance.

Ao belo sanar nos damos como ninfetas ao seu primeiro encontro carnal, ao choro nos confidenciamos como amigos, precisamos de seu amparo. Quais são os sonhos de uma vida onde a certeza é tentativa? Quantas foram as vezes que cauterizamos o passado em feridas que nem mesmo ousamos lembrar? A vida é a perfeita causa de nossa promoção, a escolha diária de uma virtude completada em evoluções constantes, o martírio, o sonho e o desejo de seguir.

Somos os anciões da tribo de nossa percepção, cantamos aos ventos o clamar pela soberania, nos encontramos através de vidas em constante mudança. A alegria é o tentar que mais nos fascina, somos estes que sonham, que buscam no vinho o calor de um coração que se expressa na sobriedade, a força que nos faz ir além das expectativas.

Que se queira e que se viva a calma do “lago nostálgico”, o entorpecente ainda é a sensatez e a lucidez a proposta de seu efeito.

Quer-se pensar, viver a virtude de um eterno recomeçar. Quer-se amar, cantar a realidade como a busca constante de um universo indecifrável. Sejamos os magos e os céticos, a luz e as trevas, o sonho e a realidade. Um desejo, um fardo, a perfeita harmonia de um diálogo que se sobressai às desconfianças. Um preceito, um delírio, a lógica de pensarmos a realidade como a anfitriã que nos fornece vários caminhos.

Voltemos ao nosso tempo, sintamos o néctar de uma primavera que é só prazer. Que nesta jornada encontremos aqueles amigos indispensáveis – a razão e a serenidade – para que não nos sintamos desamparados. Sonhemos o melhor desejo proibido; cantemos a melodia que ora se promove e ora se castra; sejamos os linces que se cegam quando a conveniência é a tutora respeitável.

Que se viva esta vida então, um sonho que é só prazer, uma dádiva repleta de oscilações. Um abraço aos que se fazem justos e um beijo aos que se fazem belos.

Flyinghard
Enviado por Flyinghard em 09/09/2014
Código do texto: T4955001
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