Amanhã Oportuno

Os astros já se firmaram na perfeita harmonia entre o que é real e o que já foi motivo para uma extrema gratificação quanto ao caos excitante que muitos insistem em tratar como a amante que nos consome quando nos perdemos na loucura de um cativo divã da verdade. O que se sonhou, já não é o importante agora. O “agora” dita as novas leis de uma consciência que se revela pertinente quanto ao que se deve mudar.

Caminhar em mares sem temer a força de uma tempestade. Sonhar com devaneios proibidos sem a pretensão de se constranger quando não acordamos na necessidade de nos mantermos inalterados. Chorar e sorrir quase numa sintonia onde as flores realmente nos penetram pelo seu aroma divino.

O que já foi, talvez não volte, talvez nunca teve força para se tornar a real batalha que guardamos em nossas célebres lembranças, talvez era o “talvez dos talvezes”.

O sonho agora é o caminhar por ruas onde o ingresso ao desejo se traduz em pensamentos onde a eleição é a certeza de nos apoiarmos em rochas sólidas, para então, conquistar a tradução de uma alma acessível, porém inconcebível enquanto a exposição de uma facilidade que gratifique a jornada como um trajeto próximo. Que a angústia dite apenas preliminares que consomem nossos ossos, porém os fortalecem na prazerosa felicidade da contemplação.

Ao delírio, ao desejo, à pertinente história sem começo e cujo fim não se sabe. Ao querer ter o que o querer nos faz crer que o “quero” é a real vontade que precisamos conter. Traduzimos o ontem num amanhã oportuno, lançamos nossos corpos no futuro onde o presente é o arco que empunhado pela certeza do algo real, nos leva para além das expectativas de um universo em constante transformação.

O que já foi? Já se perdeu em promessas que também se perderam. O que já é? A vontade de se fazer valer por tudo e por todos. O que será? Que os deuses queiram que seja a satisfação de nos tornarmos pássaros de uma luz onde nossos sonhos realmente nos fazem voar pelos ares mais distantes e fascinantes de nosso desejo.

A pretensão é o que será do que já foi, e o que já foi que não se quer mais. Somos os célebres astros do espetáculo chamado “vida”: momentos, delírios e atitudes. Somos a eterna desculpa: pensamentos, vontades e desejos. Somos o que somos: grandiosos, medrosos e instáveis.

Para onde irá toda a força que contemos em jarros que de tão pequenos explicitam a todos uma insegurança quanto aos fins? Aonde se perde aquele sorriso que nasce de um pensamento fantástico e se interrompe involuntariamente e nem mesmo perguntamos o por quê? Em que sonhos estão os sonhos de todos os que sonham?

Somos as perguntas, somos a vontade de nos expor e ao mesmo tempo nos guardarmos como um jóia rara, somos a proposta que por medo se cala na lagoa parada de nós mesmos, somos a expectativa constante de nos realizarmos, porém quem dita as leis nem mesmo sabemos, apenas buscamos na vida um sonho que possamos sonhar.

Que se faça a luz para que as trevas sirvam apenas para o pecado, que se tenha força para que a fraqueza não exista, que se tenha desejo para que o saciar seja pleno e constante, que se afirmem a todos que o “tudo” é o querer, e que o “nada” é o se guardar para então pensar em propostas que de tão distantes, antes que pensemos em sonhos realizados, já não mais existam.

Mudemos, amemos e travemos a batalha mais fantástica do universo: que o querer nos alcance e nos mostre que o que está por vir é uma guerra cuja vitória depende apenas de passos certos quanto ao que se quer, ao que se deseja e ao que é o privilégio de sermos astros de um mundo onde tudo depende de um amanhã oportuno.

Flyinghard
Enviado por Flyinghard em 10/09/2014
Código do texto: T4956382
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