A verdadeira diferença entre a teoria e a prática
Ricardo Bonitão, goiano, faixa preta em luta marcial “kung fu”, ex-peão do Rodeio de Touros Internacional de Barretos, SP, onde sagrou-se campeão três vezes, hoje, apresenta-se levemente descadeirado devido aos “ossos do ofício”... Deixou a atividade; não apresenta, no entanto, como consequência, nenhuma limitação de movimento, estando muito mais entusiasmado do que antes diante de maiores riscos e perigos que aparecerem pela frente. Compara-se ao Garrincha!
Leu muito sobre onças pintadas que vivem nas redondezas de Cáceres, MT, descobrindo como enfrentá-las desarmado... “Kung fu” – certamente a luta mais felina das artes marciais – o capacitará para passear naquela região “com as mãos abanando”... Atualmente, passear dessa forma por lá é plenamente seguro para lutadores de artes marciais devido ao respaldo teórico das ciências do esporte radical presente na literatura.
Teoricamente, a técnica é muito simples: a região apresenta-se com árvores espaçadas devido à mudança do bioma para cerrado mais ao norte, tendo os galhos das árvores bastante grossos um pouco acima da altura de uma pessoa humana. É justamente aí onde as onças pintadas costumam descansar nos dias quentes do centro-oeste brasileiro. Durante o seu passeio, Ricardo Bonitão não deverá surpreender-se quando uma onça pintada vier em sua direção após saltar de um galho num movimento hiperbólico-axial (quer dizer, em sentido prático, fazendo um arco semelhante ao arco-íris). Muito simples: é só agachar-se um pouco no momento certo e encaixar seu antebraço direito, onde localizam-se seus ossos da ulna e do rádio, entre os cotovelos e o peito da onça, esticando, logo após, suas pernas e jogando o corpo para trás...
Ainda que a onça pese 120 kg, aproximadamente, esse movimento terá o efeito perfeito de uma mola, “catapultando” o animal para uma amplificação do movimento hiperbólico-axial, projetando-o uns três metros mais para trás... Ainda que remota, existe a possibilidade teórica do desnucamento da onça ao cair no chão após a aplicação da técnica... Se ela voltar – o que é muito provável – ela estará meia zonza e em franca desvantagem diante de um faixa preta em luta marcial “kung-fu” para uma luta “felina” corpo-a-corpo... No primeiro golpe de Ricardo, ela desistirá, baixará as orelhas e fugirá para o mato derrotada, envergonhada e humilhada.
Isso é o que diz a teoria!
Ricardo, armado de todos os recursos teóricos, faixa-preta em luta marcial “Kung fu” e três vezes campeão do Rodeio de Touros Internacional de Barretos, embandeirou-se todo e foi cheio de coragem e descontração passear na região de Cáceres “com as mãos abanando”!
De repente – sem surpresa nenhuma de sua parte – pula na direção de Ricardo uma onça pintada. Ele até que tentou traçar mentalmente o tal movimento hiperbólico-axial do animal para imediatamente agachar-se e procurar encaixar seu antebraço... Mas – de repente – não viu mais nada! Tudo se apagou e ele escutou um forte “VUPT”. A imagem dois segundos após – não mais – é da onça com suas presas fincadas nas artérias carótidas do pescoço de Ricardo Bonitão com partes de seu rosto em mudança de coloração rosácea, violácea e “roxácea”... Em meia hora, a onça encarregou-se de transformar completamente Ricardo em alimento digerível.
Isso é o que mostrou a prática!
O mais impressionante é que a onça – ao sair vitoriosa do episódio – não guarda em sua mente nenhum resquício de qualquer tipo de teoria!
No reino da prática, reinam as onças. As universidades são mundos distantes.