Um Outro Além

Nas entrelinhas de uma intuição pertinente estão os fatos de uma jornada em prol de um descanso provido de desejos ocultos. A grande batalha é o navegar por constelações de supremas possibilidades; o ontem se transcreveu através do hoje que já é autônomo, o amanhã a incerteza das possibilidades que talvez gratifiquem a alma dos que sonham. Um amor, dois mundos, vários antônimos que se gladiam na vontade a ser suprida.

Além destes, aqueles. Além da perseverança, a luz que se irradia pelos mundos ocultos. Além da verdade, o estampar das fraquezas que nos rodeiam, o desfalecer, a desistência, a carência que insiste em se manter inalterada, as vontades que nem sempre se adequam à realidade.

Luzem para os que brilham, trevas para os que se mantêm ocultos. No jogo, a vida e seus devaneios trilham os caminhos da jornada mágica: a busca pelos vales esplendorosos da paixão, a “lincisão” de identificarmos o amor apenas por um gesto da visada, o conforto que procuramos e a música que sempre iremos querer ouvir.

Que se estendam os lençóis da sobriedade, que se una a carne à alma dos que se tornaram irônicos por viverem na insegurança, que o tapa nas costas não mais indique um conforto, mais um empurrão rumo ao sucesso que está por vir. Arranquemos as vestes e que nossa nudez remeta a esporádica dança da sedução: gestos espontâneos, mãos que acompanhem corpos cheios de mistérios a serem desvendados, pensamentos impróprios e mundanos, que todos explicitam apenas em seus universos pessoais.

Um outro além, para que do além retornemos. Uma outra vida, para que desta recauchutemos os pneus que já passaram por demais nestas ruas conhecidas. Uma nova verdade, para que a certeza se consolide na transparência. Sonhemos, cantemos e anunciemos as grandes safras que vingaram dos momentos de uma luxúria ausente. Vamos sorrir, o amanhã é a certeza de uma nova proposta. Vamos chorar, o ontem ninguém entendeu. Gritemos, somos a dádiva que em sua celeste criação nos tornou mutantes de nós mesmos; serenos, precavidos e persistentes.

Aos braços nos demos aos afagos das mãos que hão de confortar caso já não o fizeram. Às vestes, esqueçamos; as memórias e os desejos que nos auto-incutimos são tão nus que o escancarar de nossas particularidades é inevitável.

Como seria belo se as musas se fizessem pela sua sabedoria, tampouco os narcisos não teriam espelhos, e os sábios não se ocultariam nos fantásticos universos de suas carcaças.

Ao perfume que se perdeu na ausência, ao toque que preliminares inconcebíveis fizeram perecer, ao desejo que de uma forma intransferível se cauterizou pela reprovação. Voltemos aos devaneios que nos rodeiam, consumemos as rotas que nos trilham rumo a emancipação do total de nós, olhemos para estes e aqueles, estas e outras que estão por vir, os casais, o cais, os navios que sempre ancorarão em portos cada vez mais glamourosos.

Ao outro além, a busca pela perfeição é algo indescritível, é a musa que sacia a si e a quem ela ama, é o sonho que insistimos em continuar provando, é o diálogo incessante de corpo e alma rumo à troca de universos pessoais que se decifram pela sintonia, é viver, morrer e ressuscitar quando nos convém.

É viver e das esperanças promover o eterno amanhã da realização. Ao show desta e de outras vidas cantemos aos quatro ventos a verdadeira pretensão de nos assumirmos, a fantasia continua gritando e o desejo sempre sobreviverá às propostas vigentes. Que a festa nunca cesse, e os convidados a ingressarem neste navio de fábulas majestosas, sempre se conciliem na perfeita certeza de que todos vivem, amam e se completam a cada dia.

Flyinghard
Enviado por Flyinghard em 11/09/2014
Código do texto: T4957661
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