Elizandra, Donicrete e as Cuecas do Marcelo.

Era sempre o mesmo olhar vazio no momento de sua despedida.

Elizandra não entendia como de repente seu casamento parecia estar indo por água abaixo.

Marcelo Sand tinha sido seu melhor amigo durante toda a época de faculdade e quando ambos se formaram, finalmente, ela o aceitou como namorado, noivo e depois de uma linda festa, no dia 01 de Abril de mil novecentos e noventa e nove, como seu marido. Suas amigas já lhe alertavam quando ela ainda nem imaginava:

- Cuidado com esse homem chegando todos os dias esse horário, isso tá cheirando a rapariga – Dizia Donicrete.

- Pois é menina! Se ele sair de casa zangado sem motivo é certo: é rapariga. - Disse Laní

Mas Elizandra estava cega e crente aos juramentos que fizeram na igreja de Santo Armando das Calças Tortas do Sul do Maranhão.

Marcelo Sand tinha o sonho de casar na mesma igreja que seus pais haviam casado há 50 anos atrás.

Algumas tardes Elizandra passava a chorar pedindo ao seu santo que lhe tirasse aquelas maledices da mente, pois o seu amado, Marcelão, jamais a machucaria com traços na cabeça.

Foi em uma quinta-feira a noite que Sand chegou em casa e foi direto ao banheiro, e por lá demorou alguns minutos em silencio total. Resolveu tomar banho e Elizandra não pode deixar de perceber que Marcelão tinha em suas mãos uma cueca molhada. Ela não hesitou e logo lhe perguntou:

Elizandra - Celo, pq você lavou sua cueca?

Marcelo – Aff, Maria mulher! Se eu deixo largada no banheiro tu reclama!

Elizandra: Sei que você que você ajuda sempre em tudo, mas você nunca lava suas cuecas.. você disse que odeia isso, oras!!

Marcelo – Pois eu que não vou fazer mesmo, nunca mais.

Elizandra – Então não faça mesmo!

Marcelo – Que conversa estranha, mulher!

Elizandra - Coisa estranha é você lavando a própria cueca.

E assim, lá se foram os dois para o ninho de desconfianças...

Pela manhã, Marcelo tomou seu café e parecia zangado, saiu sem dizer uma palavra e se foi.

Elizandra era só desilusão e ainda não eram 7 horas da amanhã quando ela ligou para suas amigas em lágrimas dizendo: Ele saiu zangado...

- Oh minha amiga, não chore. Homem é assim mesmo, tudo safado - Donicrete insistente.

Elizandra só não entendia como é que Marcelo poderia ter ido procurar outra mulher já que elas sempre realizou todos os seus fetiches sexuais.

Ela lembra até mesmo quando eles, no verão passado, resolveram ir para uma balada só pra brincar no banheiro.

Elizandra resolveu então tirar a prova dos 9 e ficou toda pronta para quando o Marcelo chegasse.

Quando Marcelo chegou, chamou por várias vezes a mulher e ela não responder, as lâmpadas do quarto estavam apagadas, ele foi em direção ao interruptor em meio aquele breu. Foi quando sentiu um vulto a sua frente e não hesitou, lançou lhe uma tapa no vulto que gemeu forte e começou a chorar baixinho como.,

Ele acendeu as luzes e ficou horrorizado quando percebeu que acabara de socar a sua esposa, pediu desculpas mas logo mudou de assunto – Pra que essa fantasia? - Pensou até que era festa de halloween ou que tinha esquecido de algum convite que o casal recebera.

Ao que Elizandra respondeu - Queria fazer uma graça para o meu maridão!

Marcelo não demonstrou interesse e se deitou e disse que não queria gracinhas.

Elizandra não conseguiu dormir naquela noite. Pela manhã novamente Elizandra telefonou para suas amigas e após controle tudo o que se passou recebeu o conselho de Donicrete:

- Cheira a cueca dele quando ele vacilar...homem pode até tirar a roupa antes de pular na cama com outra mas ele não tira a cueca logo de cara. Disse Donicrete

E assim o dia se passou e Lizandra não conseguira se concentrar no seu trabalho e até mesmo seu gerente percebeu mas nada falou....

Chegando em casa, Elizandra preparou uma janta e apressou seu marido para sentar-se e experimentar seu deliciosos infalível Macarpimerao...acertou em cheio!

Marcelo se banhou apressado e correu para a mesa onde já estava tudo pronto. Elizandra o serviu e foi para o banheiro aproveitando a distração do marido e lá encontrou sua cueca largada no chão. Ela logo tratou de cheirá-la mas nada sentiu. Fez uma vistoria minuciosa e percebeu o que seria uma mancha de sangue na parte de trás. Preferiu não tirar conclusões....Mas o que seria aquela mancha?

Enquanto Marcelo se arrumava, Elizandra pegou o smartphone do marido e foi fuçar as mensagens:

-E aí Marcelinho, amanhã tem mais?

-Opa...estou ansioso. Mas preciso confessar, aquela linguiça deliciosa deixou minha bunda toda arregaçada!

-(Gargalhadas). Mas eu sabia que você ia gostar. Valeu a pena, né? Encontrei aquele lugar em um site. Bom e barato, confortável e discreto!

-Claro! Quero de novo

Marcelo saiu do quarto e ela soltou o celular sem dizer uma palavra, chocada!

No dia seguinte, as amigas concordaram quando Donicretes disse: Teu marido safado é Viado... nunca vi homem pra ajudar tanto em casa, homem pra poder pentear os cabelos da mulher e até mesmo passar horas no shopping com a família, fazendo compras. Eu já desconfiava!

-Só pode ser viado mesmo – Disse Laní

Marcelo realmente tinha um jeito diferente, era atencioso com a esposa e muito delicado com suas coisas...apenas suas cuecas que nunca foram suas prioridades.

Á noite, Elizandra pegou o primeiro bilhete que Marcelo a dedicou e recitou em voz baixa, para si, no seu quarto:

"Oh fruto do mar. Delícia serena de peitos pequenos.

Oh boca de mel que leva ao céu e de corpo moreno.

Vem sentir teu prazer em minha lâmina de amor."

Essas palavras sempre soaram como lindas. Mas agora pareciam uma declaração a um outro alguém. Elizandra não era tão morena assim! 'Seriam para um outro homem? talvez!' Elizandra continuou bebendo suas lágrimas. Marcelo chegou e ela o observou passando pelo portão...não podia ser impressão, era certo! Marcelo estava puxando uma das penas e andando tenso...ela não suportou mais e resolveu gritar....

Ela gritou bem alto: 'Marcelo seu miserável'....e desmaiou...O pobre do Marcelo sem entender nada correu para socorrer a mulher...gritou por ajuda e algumas das amigas da sua esposa correram para ver...ao mesmo tempo que os pais de Elizandra chegavam para visitá-la. Tudo aquilo pareceu muito estranho...o pai de Elizandra entrou gritando para o Marcelo tirar as mãos de sua filha ele achou por melhor obedecer e se afastou um pouco, ainda sem entender!

Elizandra aos poucos ia voltando...até abrir os olhos e Marcelo disse - Amor, você está bem?...ela respondeu que sim...ele perguntou o que era tudo aquilo e seu Everaldo, com uma arma na mão, mandou-lhe sentar para ouvir as palavras da filha. Marcelo recusou-se...ele exigiu e Marcelo continuou a negar até que disse que estava com um leve desconforto e que preferia ficar em pé...todos os olharam e Elizandra iniciou, com o copo d’água na mão:

- Pode contar...já sabemos que você é gay!!!!

Marcelo, surpreso com aquela acusação, nada falou. Elizandra começou a contar como tinha descoberto. “Eu vi a sua mensagem no celular para seu amigo...você foi claro ao dizer que ele tinha te arregaçado todo e que mesmo assim você queria muito mais ..que você já estava viciado...que a dor valia a pena e que logo se acostumaria”, além disso ela relembrou da cueca de sangue, da falta de apetite sexual e todas as outras coisas.

Marcelo nada disse. Apenas entrou para casa, envergonhado. Pegou suas coisas, arrumou sua mala se foi. Foi embora, sumiu!!!

Ninguém nunca mais soube do Marcelo. Alguns dizem que foi para o Rio de janeiro. Outros, que saiu do país. A verdade é que nem quis saber de seu carro ou da parte do apartamento que tinha direito.

Marcelo sumiu faz dois anos e só agora Elizandra resolveu separar as suas coisas...resolveu voltar a fuçar o smartphone do Marcelo, que ainda funcionava. Finalmente encontrou a mensagem maldita que havia levado seu casamento ao fim.

-E aí Marcelinho, amanhã tem mais?

-Opa...estou ansioso. Mas preciso confessar, aquela linguiça deliciosa deixou minha bunda toda arregaçada!

-(Gargalhadas). Mas eu sabia que você ia gostar. Valeu a pena, né? Encontrei aquele lugar em um site. Bom e barato, confortável e discreto!

-Claro! Quero de novo. Estou viciado! Vou me acostumar com a dor. (risos)

-Mas tá doendo mesmo?

-É cara, estou com umas malditas hemorroidas que estão deixando-me envergonhado, não tenho coragem do contar para Elizandra. Ela se importa tanto com minha saúde que acho que ela morreria se eu falasse. Ela é minha mulher mas não estou conseguindo agir naturalmente. Não consigo sentar direito, estou andando meio desajeitado. Fiz promessa ao Santo que não contaria pra ela se ele me curasse e, pior, eu estou até lavando minhas cuecas só pra esconder!

-Caramba, Marcelinho!! E ainda assim você quer voltar na churrascaria? Vamos dar um tempo ou então diminua um pouco a linguiça e a cerveja pois pioram as hemorroidas!

-Nem a pau!

Samuel Souza
Enviado por Samuel Souza em 12/09/2014
Reeditado em 24/07/2019
Código do texto: T4959673
Classificação de conteúdo: seguro