Universo Indecifrável

Ó grande luz do universo, onde se encontram as reais idealizações de um mundo mágico, são por suas fortunas, perfeito pelo seu cromatismo e energia. A experiência de uma remota saudade quanto ao quem fez isto ou aquilo é apenas o realçar de uma possível impossibilidade.

Se quer reabilitar o espírito e ao mesmo tempo se venera a vida carnal. O cosmos da felicidade realmente é algo sem descrição: hoje um sorriso, amanhã um abraço, daqui uma vida inteira a reencarnação do querer; cantar a música especial, sonhar o sonho impossível, clamar pela nossa eterna insatisfação no inútil intuito de que ela se torne vencida.

Queremos o ouro que brilha nas constelações distantes, escrevemos em linhas a vasta trilha de nossas mentes, desenhamos imagens que nos consolam, fotografias que trazem à tona os aromas e as verdades de um momento, seja ele uma situação de outrora, seja ele uma previsão para um futuro ilustre e completamente saciador.

Perdemos a razão. Às vezes cantamos para nós mesmos, mas pra que? Apenas pra preenchermos as lacunas que restam de nossas vontades por letras que nem mesmos criamos, mas que nos incutem um pensamento involuntário. Seriam os sons capazes de abafar a realidade presente em nossas almas? Seria o silêncio a solidão que realmente necessitamos? Seria o preço de uma virtude a abdicação ao trono do prazer? Ou seriam os homens os casulos que não vingaram e que pelas teias de uma aranha se perderam no eterno vazio da não existência.

Somos luz ou trevas? Somos o diálogo ou a conversa reservada com o cosmos que insistimos dizer celeste mar da espiritualidade? Somos os loucos que da vida absorvem a eterna vulgaridade da insistência? Talvez sejamos os sábios que através de uma carência, sucumbem o virtual sanar de uma afirmação própria.

O tempo então, seria talvez a jornada mais claustrofóbica de uma vida a ser vivida, de um pensar que incute na percepção a real vontade de se dar ao suicídio de uma evolução. Se fossemos realmente necessitados de uma provação, teria algo mais nobre que o confronto com a realidade, com os problemas, com aquela pessoa que sabemos onde está e que ao mesmo tempo nos apavora só de existir uma proposta de reaproximação, para falar, para sorrir, para amar, para memorar os grandes feitos de um momento de batalha.

O que se quer viver na vida se não a eterna vontade da vida pela vida em busca de uma vida realmente gratificante. Sonhos, realizações, o eterno toque de um gesto aos nossos corações, a fantástica jornada ao nosso descobrimento, a verdade que assumimos e não a que nos é imposta.

No jardim das eloqüências humanas, o jardineiro do universo pessoal semea as mudas que trarão as intenções mais fantásticas à nossa existência, nossa verdade, nosso saber, nossa espiritualidade, o nosso próprio entender. O que se quer então, uma vida que se console num período pré-definido, ou a vida que atravesse as barreiras de um universo indecifrável? Somos esta constante anunciação do que está por vir, somos a carência que nunca acaba, somos o trabalho que sempre nos acompanhará, somos a luz que após as trevas ressurge, somos a vida que através da morte talvez seja resolvida.

O que se quer é o todo, justamente para se viver esta vida. Respostas, carinho, realização, afirmação e conceito. O que seria da luz sem o escuro que provoca calafrios, o que seria do amor sem o ódio, o que seria da fala sem as eternas vezes em que ficamos mudos? Querer resolver qualquer coisa é cativar um encontro à paz, ignorar o que é real é adiar a nossa culpa para um futuro próximo.

Somos a luz, somos a razão, somos o toque que de um toque não há quem não se toque. A esperança é apenas uma virtude que nunca se dissipa de nossas reais intenções, nossos afagos se tornam nossas verdades, nossa preocupação viria a ser nossa obsessão, nossa menção seria a vontade de se encontrar neste ou naquele fato. Queremos a vida e ao mesmo tempo veneramos a morte. Queremos o amor e nos damos ao ódio com uma facilidade fantástica. E o calor, então, o frio realmente é excitante. Se quer amar, se quer viver, se quer conhecer este ou aquele lugar, se quer conversar, se quer se querer, por que então esta porra de vida é tão estranha pra todo mundo?

Tudo é instável, da vida à morte, da pobreza à riqueza, do amor ao ódio, da luz às trevas. Porquê? Qual o motivo desta jornada que pensamos vencer? Qual o motivo para que o amor sempre seja mascarado por outros fatos? Quem seriam os donos de qualquer coisa? A única situação que temos, é a nossa vontade, a esperança de querermos ir além, de podermos nos associar a qualquer fato, a qualquer pessoa, a qualquer carência, tudo, em prol de uma tentativa eterna de podermos falar um dia, fui feliz, será?

Flyinghard
Enviado por Flyinghard em 17/09/2014
Código do texto: T4965038
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