Lágrimas da noite

Túmulos, mausoléus e esculturas. Enquanto andejava pela "necrópole" era o que ele gostava de ver.

Era uma noite chuvosa e fria onde relâmpagos e trovões faziam da treva um verdadeiro assombro. Ele estava a andar no cemitério, e como de costume, reverenciar a morte. Ficava a observar as esculturas. Entre as obras de arte havia uma que o deixava atônito. Era um anjo. A estátua parecia chorar devido a sujeira que se acumulou no canto do seus olhos, e isso fazia daquele monumento, o mais umbroso de todos.

Continuou a sua jornada, agora com as vestes totalmente molhadas, ele começou a observar túmulos e fotografias de finados. Notou que abaixo das fotografias havia frases. Uma delas chamou-lhe a atenção pela controvérsia "nasci chorando, todos sorriram. Morri sorrindo, choraram".

Findou sua noite com um último ato. Com laminas começou a cortar-se nas mãos e rosto por cada uma das vezes que sentiu vontade de matar pessoas e não fez. Seu sangue escorria no chão, misturando-se com a areia. Quanto mais se cortava, mais sentia vontade de fazer marcas no corpo.

Ao terminar a última parte do seu ritual, partiu e rapidamente desapareceu na escuridão. Sua vida será sempre arcana para nós.