A vida como ela é, ou deveria ser...

Ao andar pelas ruas, seja de carro, metrô, ônibus ou até mesmo a pé, observamos mesmo sem querer o agitado mundo que se move, "loucomove", cada um com seu pensamento, seja no que já fez, seja no que irá fazer quando chegar em casa ou no serviço, pessoas se esbarram, algumas pedem desculpas, outras nem se dão ao trabalho, às vezes por pura distração achando natural esbarrar nas pessoas por aí ou por simples falta de educação mesmo.

Pode se apreciar o papo jogado fora logo pela manhã na calçada enquanto uma vizinha varre a frente de sua casa e encontra "casualmente" a vizinha do lado e começam a dialogar sobre o passado, presente, futuro até que a frase que insiste em ficar na garganta dispara: " Mas você viu?..."

Dali pra adiante nem se precisa continuar escutando o que virá depois, o simples passar pela rua e escutar este pedaço da conversa sem querer já nos mostra o que seguirá.

Nos telejornais nada muda, somente os protagonistas e antagonistas das mesmas - e sangrentas - histórias, é um bombardeio em Bagdá, é tiro perdido no Rio, assalto à bancos em São Paulo, próximo dos feriados prolongados então, apagão aéreo, pessoas que pagam por suas passagens se vendo tratadas como animais irracionais - para não serem chamadas de burras ou otárias pelas companhias aéreas - políticos que roubam daqui e de lá e por aí vai.

As pessoas andam tão preocupadas com nada - sim, com exatamente nada - que acabam achando normal esta visão de vida que temos hoje.

É tão mais interessante esquecer da própria vida, do trabalho, dos serviços domésticos, das tarefas de esposa, de mãe, de marido e de pai, afinal para quê se apegar com os próprios problemas - que não raramente são muitos e imensos - e cuidar da vida do vizinho ou se preocupar em acompanhar a vida de outra pessoa como se fosse uma telenovela?

Quando se dão conta...

"Bummmmmmmmmmmmmmmmmmmm"

A bomba já explodiu, a luz já foi cortada, a água, o gás acabou e faltou tempo para comprar o reserva, a conta bancária está em saldo negativo e putz, de onde tirar dinheiro para pagar as contas? Como recuar de um caminho na contra-mão?

A vida da maioria das pessoas, não falo somente deste país, mas de outros como citei, Bagdá, como voltar no tempo e segurar o homem bomba para que ele não se auto-detone em plena luz do dia matando mulheres e crianças em um supermercado?

Como fazer voltar atrás a bala perdida que fere e mata crianças?

Como evitar a discórdia, os mal entendidos, atitudes extremas que separam a realidade do surreal?

Como é a vida, quantos filhos esquecem dos pais, quantos destes estão em asilos largados à sorte? E como dizia uma música antiga: " Um pai cria dez filhos, mas um filho não cuida de um pai."

Irmãos brigando com irmãos, tomando partidos diferentes de política, partido de vida e esquecendo-se do significado de partida, início, como tudo começou.

Como deveria ser?

O mundo se amando, se confraternizando, soltando 58676786595995 pombinhas brancas - e disseminando algum vírus aviário por aí - católicos se reunindo em sinal de fé com a vinda do Papa Bento XVI, evangélicos fazendo doações aos milhões para a Igreja Renascer em Cristo - enquanto os dirigentes estão presos nos EUA - independente da religião, a fé, talvez ela e somente ela possa mudar alguma coisa nesta vida toda.

A vida como ela deveria ser, palavras nem sempre doces, mas também nem sempre ásperas, sinceridade na maioria das ocasiões ou na falta e na incapacidade dela, apenas o silêncio.

Já contou uma vez para mim, uma senhora de grande sabedoria, uma historinha interessante:

" A mulher (na falta do que fazer) todas as manhãs ao levantar, ia em direção a janela de seu quarto e olhava a vizinha pendurando roupas no varal e comentava com o marido: _ Nossa!!! Qualquer dia levantarei mais cedo e ensinarei a vizinha a lavar roupas, veja como são encardidas as roupas que ela tem a coragem de pendurar no varal.

E todos os dias seguia-se o mesmo comentário.

Até que um dia a tal mulher acordou, levantou e fez sua caminhada rotineira até a janela e numa frase de espanto disse ao marido: _ Nossa !!! Não acredito!!! Não precisarei ir até a casa da vizinha ensiná-la a lavar roupas! Ela aprendeu (será que comprou uma máquina nova?), mas que surpresa!!! ( exclamou para o marido com um ar de reprovação porque ela queria ter ido realmente até lá para dizer que a roupa era mal lavada)

Eis que surpreendentemente o marido (já de "saco cheio") respondeu-lhe seca e abruptamente: _ Não minha querida, eu que resolvi levantar mais cedo e limpar essa vidraça que de tão suja nada se via direito lá fora.

A mulher, com a lição que aprendera com o marido, nunca mais voltou até aquela janela para olhar as roupas no varal, mas voltava uma vez por semana para limpar a vidraça de sua janela."

Nesta história que "ganhei" desta sábia senhora, podemos englobar a vida como ela é e como ela deveria ser, se cada ser humano, cada pessoa, homem, mulher, adolescente, criança, aprendesse a olhar de dentro para fora onde estão seus erros e acertos, muitas vezes poupariam tempo, paciência, sentimentos no geral com assuntos alheios aos de suas vidas, porque no final das contas, todos temos nossos próprios problemas e para resolvê-los não temos como contratar nenhuma outra pessoa para fazê-lo.

A vida é complicada como ela é, de acordo com o que cada um de nós fazemos ou fizemos, logo, ao cuidar de nossos problemas estamos de alguma forma ajudando o mundo a cuidar dos seus, uma vez que moramos todos no mesmo planeta.

No final das contas o antigo "conto" da andorinha que leva água no bico para apagar o incêndio, volta, mas a cada dia o incêndio é maior, porque cada vez menos andorinhas ajudam carregando a gota d'água ppara acabar com o incêndio, isso quando não aparecem gaviões carregando galhos com mais fogo ainda...

É... Essa vida, como ela é...

É... Essa vida, como ela deveria ser...

HM Estork CCoelho
Enviado por HM Estork CCoelho em 22/05/2007
Código do texto: T497241