Angústia Dilacerada

A cada dia uma nova percepção do que chamamos de uma realidade que grita por autonomia, segurança atribuída pela saudável dança de mentes entorpecidas no nascimento de sentimentos. A vida jaz no sepulcro da insegurança, colhendo os feitos de uma colheita de frutos de sabor amargo, o ácido que se mantêm inalterado sob o paladar da revolta. Querer respostas para situações incomuns é promover o êxtase de um calor progressivo, queimar o ópio da verdade, fechar as novas fábulas e escrever livros da vida real, o caldeirão de situações que faz parte da eloqüência, da singularidade, do querer, do poder, do agir e do tentar.

Dilacerando a angústia de viver, os olhos mágicos se voltam para o interior de poucos momentos, felicidade intitulada pela resolução, percepção obstinada realçada pela caminhada singular, universo pessoal intransferível, mundo coletivo imutável. Sem ciclos, sem pretensões, a vida é a constante busca pelo ponto de partida. Chegue perto, mas mantenha o mínimo de distância do que é proibido, do que é perfeito, da água, do vinho, do prazer e da verdade.

Ó grande verdade, qual é o seu anseio? Onde se encontra sua evolução? Qual o berço de sua anunciação? O que se quer é ter? O poder dos fortes soberanos na sua simplicidade pelos fracos cheios de falsos adornos culturais. Força já não é uma qualidade nesta busca que pensamos realizar. Arrancam-se membros, o que sobra seria o tudo ou nada? Sem andar, sem tocar, dinâmica trocada pela estática mente pura, apenas sentir pela radiação de mentes que se transformam pelo bem universal: evolução, compaixão e razão.

Dilacerar a alma. Como? Não se pode sentir sem ela. Pode-se promover a verdade, pode-se convocar a verdade, pode-se desprezá-la. Quantas respostas, para perguntas inexistentes; iniqüidade de sentimentos que nem mesmo em mundos mitológicos vingariam pela razão. Racionalidade é o que se pensa ter: somos instáveis, somos dependentes da abstração. Cadê a opinião forte? Onde se perderam as chaves de nossos próprios corações?

No trajeto da segurança plena o abismo é o início da jornada sem fim. Presos estamos e permanecemos. Fracos pelo questionamento, seguros pela insegurança, estética fajuta através de uma sanidade preconceituosa, obscuridade sentimental, razão.

Quem realmente quer viver? Se a morte é mais sincera, queiramos um adiantamento. Sem drogas, sem noite, sem sexo, sem amor, sem vida.

Ó senhor de todos os mundos, quem são os donos da verdade?

Quais são as reais pretensões das pessoas neste mísero mundinho?

O que é real? Amor? Ódio? Realização? Se entorpecer em prol de uma jornada pessoal na busca de respostas camufladas nos outros noventa por cento? Ou nos dez conhecidos? Quem sabe o que? Quem vive o que? Quem ama o que? Nada é real...

...O tudo se perde e a peça se mostra uma comédia. Os protagonistas seriam o que todos somos: os anciões loucos e os prematuros sãos. Quem ri é a platéia: os sentimentos, a verdade, a mentira, a vida e a morte. Que peça...Todos num balaio, pensando ser isto ou aquilo, promovendo o nada pessoal, pensando caminhar para frente...Quanta asneira! Porém uma escolha legal, fazer parte do palco, da platéia, ou querer apenas observar as histórias do cotidiano como um deus de um universo novo, sincero e verdadeiro: a esperança de poder dilacerar a angústia.

Flyinghard
Enviado por Flyinghard em 23/09/2014
Código do texto: T4973321
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.