Sentia os lábios levemente adormecidos,

o corpo não respondia aos comandos, a visão estava embaçada e a consciência parecia embaraçosa. Sentido algum fazia sentido.

Pouco a pouco os lábios começaram a ganhar vida, o suspiro profundo evidenciava a confusão interna, inspirava com a sensação de que aquele ar era um calafrio a percorrer dentro de si; começara a recuperar os sentidos lentamente. O frio na barriga ficava mais intenso a cada segundo, e a visão já não estava tão embaçada assim. O coração latejava ferozmente, com tanta força que parecia querer saltar para fora do corpo. À esquerda há um closet em verniz marítimo; aos pés, uma penteadeira reformada, num tom verde-bebê, com duas pequenas gavetas de cada lado, puxador de ferro todo detalhado e, ao meio, um grande espelho oval com a moldura semelhante a de um camafeu; à direita há uma cortina branca, límpida. Lençóis brancos, travesseiros brancos, tudo claro.

Uma luz branca atravessa o cômodo por uma fresta na cortina. Se é dia ou noite, ainda soa confuso: É o brilho da Lua ou os raios do Sol? Um pouco mais de atenção à direita: Belos cachos, sono profundo, expressão despreocupada. Que diabos estava acontecendo?