Projétil Pessoal
Querer viver, sentir o porém de uma existência passível de contestação; somos a carne em constante estado de putrefação, sendo esta a qualidade que se vinga a cada dia de uma perfeição imposta... Celebremos ao baile das mudanças involuntárias que confundem o glamour do odor perfeito com a fétida noção de perfeição...
...Queiramos então voltar às mascaras que vestimos a cada dia em prol de uma projeção de felicidade... A virgem que se faz gasta em toda a sua ausência de experiência e o garanhão que devido à sua longa jornada volta à infância de suas iniqüidades quando é surpreendido... O que somos então? Seríamos os autores ou atores de uma vida em constante transformação? Dinâmicos, estáticos ou um corpo em almas descontínuas? Queríamos ser perfeitos, mas a vitalidade do prazer supera a realização pessoal... Gozar, cantar, penetrar no nosso próprio ego egoísta sem olhar para o interior de um sentimento pessoal, intransferível e passional...
O que fazer nesta guerra interna onde o corpo é o cárcere da vida: floresce do sexo, se projeta na contestação sentimental e se vangloria pelo prazer eterno; indeciso, conciso e sedutor; carnal, passional e ambíguo; primordial, momentâneo e lascivo; para todo o sempre ocasional... Ao passar das receitas provindas da jornada pela “esfera azul” o “karma” é a própria divisão; isto, aquilo; amor, ódio; esperança e desistência que num passo mágico se cauteriza na vontade pessoal de cada um... Uns a abstenção, outros a abdução.
Razão já não seria a procura de muitas vítimas. Vontade e poder na eterna luta de fracos e fortes num mundo onde a sabedoria não discerne sobre o que se deve falar...Às vezes na tábula redonda das amizades o trajeto da perfeição parte de um lugar comum e cai no abismo das opiniões pessoais irredutíveis, às vezes parte das divergências ao comum e chega ao plural, à perfeição, à sintonia.
Que o alcanço do projétil seja a sintonia, pois na gradativa jornada pelo ideal as mentes se aproximam numa batalha onde a colheita são os frutos da sabedoria, lugar subjetivo que impera acima de particularidades egoístas e retalha as iniqüidades do ser humano. Façamos parte do clube onde as cores do arco-íris mental se transformem na escadaria para a perfeição: beleza e exaltação, o “tudo” conquistado e o “nada” retalhado... Façamos guerra à ausência, aflorando a verdade e a natureza espiritual...
Agora temos vida na música, em cada acorde um acordo, em cada melodia a ideologia, nas mãos a maciez da clareza do “toque”, na alma o conforto de um entorpecente eterno, a esperança.