A Renúncia do Papa Banto XVI

Ao saber da notícia da renúncia do papa Bento XVI, em 11 de fevereiro de 2013, a minha primeira reação foi de incredulidade. Não me passava pela cabeça que um papa pudesse renunciar. Aliás, até então eu acreditava que um papa sequer tinha direito à renúncia. Para mim o sucessor de Pedro tinha que ser uma entidade inatingível, com obrigação de suportar a tudo e a todos. Deveria ser capaz de superar todas as adversidades que a sua missão requer ou venha a requerer, inclusive as relacionadas à sua saúde física, excluindo-se a mental, pois, neste caso, o Sumo Pontífice não poderia ter o entendimento dos seus atos, o que, por si só, motivaria sua renúncia compulsória.

Após “digerir” o inusitado fato da abdicação desse líder Supremo e depois de algumas reflexões, cheguei à conclusão de que as coisas não são como eu inadvertidamente pensava. Ao contrário do que me pareceu à primeira vista, formei a convicção de que esse gesto do Santo Padre foi um ato de coragem, de desapego, de consciência e de muita humildade ao colocar os soberanos interesses da instituição Igreja Católica, acima de seus caprichos.

Na minha concepção, Sua Santidade reconheceu que os desafios que a Igreja Católica tem pela frente, requerem um expoente máximo da Santa Sé mais remoçado, mais flexível, mais saudável, com menos ranços, com maior mobilidade dentro da própria instituição e com mais disposição para promover a necessária e urgente renovação de que o catolicismo tanto carece.

Provavelmente o decano religioso chegou à conclusão de que não detém a flexibilidade, habilidade e saúde compatível para superação dos desafios a serem superados pela entidade a que representa. Percebeu-se frágil pela idade, pelo seu estado de saúde que ora requer cuidados mais efetivos, tornando humanamente impossível para ele, cumprir toda a agenda e todo o ritual diário requeridos pela função.

Os interesses legítimos maiores do vaticano têm que estar acima das repulsivas fragilidades e disputas pessoais de quem quer que seja.

Sei que em toda organização de grande expressão, como é o caso, há sempre correntes prós e contras a qualquer posicionamento de seus líderes, que há muita vaidade por parte de alguns, disso não se eximindo nem mesmo a milenar Sé Apostólica.

Espero que durante a Sé vacante, os componentes do Conclave cumpram com nobreza o seu papel e realizem a melhor escolha do nosso próximo Dirigente Mor. Que essa decisão se processe seguindo os mais rigorosos critérios de honestidade e coerência. E que o aclamado tenha retidão de conduta, esteja acima de qualquer suspeita, querela ou mácula, sendo-lhe próprio, dentre outros, a flexibilidade e o diálogo conciliador. Que consiga aproximar a nova Igreja de seus fiéis, de modo a ser efetivamente mais útil a estes e à humanidade como um todo.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 07/10/2014
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