Medo

Aquele abraço foi tão aconchegante, tão reconfortante. Me pergunto porque não estou lá ainda, porque deixei aqueles braços quentes e aquela pele cheirosa se afastarem de mim.

Pela primeira vez eu não senti medo de ser abraçada, eu não pensei se seria amor ou desamor, ou se seria nada. Simplesmente nada me passou pela mente, só queria continuar ali por todo tempo possível.

Lembrei do passado e de quantos abraços assim eu havia deixado escapar por medo: Medo de me machucar novamente, medo de amar, medo, medo, medo. Mas entendi que a gente tem que crescer, encarar o medo, como uma criança que tem medo do escuro ou alguém que tem medo de altura. Se tudo fosse fácil nada teria graça. Medo maior eu senti foi quando o tempo se esgotou e o abraço se soltou, e agora não sei mais se um dia me verei presa nele outra vez.

Medo de ser, medo de viver, medo de se machucar, medo de morrer. Mas que modo de existir.