A CONSCIÊNCIA DE MULHER QUE O HOMEM QUER

Com o semblante demonstrando surpresa consigo mesma e acalmando a adrenalina, ela quebrava o controle da moral que prepararam para ela. Moral de mulher honesta e comportada. O marido arremessou o fluido orgânico gelatinoso opalino esbranquiçado produzido, dentre outros órgãos, em sua gônada sexual, nas extremidades faciais da esposa quando ambos terminavam o sexo prazeroso que experimentaram. Desculpe a volta, mas se eu fosse mais direto o texto cairia na condição de ter que ser moderado. Ela ficou bastante feliz com a experiência e disse para si: "por que não rebelar mais vezes". Achou bem gostoso, era a verdade.

Estava ela condicionada a pensar que o que fez era coisa de mulher vadia. De puta mesmo. Mas não quis enganar a si mesma e admitiu que tanto ela quanto o marido dela gostaram muito da experiência. Esqueceram de colocar na educação que ela recebeu que muitas das atividades do tipo de mulher que ela repugnava eram próprias de gente livre e feliz. Na certa quem a condicionou não queria que ela fosse isso.

Além de ela se sentir mais completa como mulher, ela não iria posar de chifruda no meio social que ela vivia, que era o que costumava acontecer quando o marido não encontrava em suas companheiras do lar o que eles costumavam encontrar na rua.

E o que mais faltasse fazer para ela se completar cada vez mais e manter consigo o parceiro ela correria atrás para por em prática. Teve que negociar com o subconsciente dela um acordo: "para que nós duas sejamos felizes, temos que nos desprender das outras consciências e fazer aqui, onde elas não podem saber o que fazemos, tudo o que quisermos". E ainda solicitou a amiga interna: "e trate de atrair para mim tudo o que eu preciso saber para me tornar bem ativa".

O esposo achou bom demais. Não pelo o que ela fez ou faria, mas pelo fato de saber que ele não precisaria manejar para que as coisas que ele desejava dela acontecesse. Não precisaria tirá-la dos dogmas que ela mantinha e nem de doutriná-la para os mesmos que ele aprendeu serem próprios de quem quer ter uma ótima relação conjugal. E, olha que chique, ele se livrou de algumas particularidades que as mulheres, digamos honestas ou complexadas pelas descrições de o que é o amor que os filmes e livros instituem na cabeça de quem os consomem, costumam levar para o relacionamento: carência e culpa. Em altas doses. Duas coisas que beiram ou causam depressão. E, cá entre nós, ninguém quer perder sua liberdade entrando nessa de casamento para ter do lado pessoas deprimentes. Será que estou errado?

A vida tem que ser alegria o tempo todo. Busca pela felicidade. Alto astral. Melancolia, reverência e depressão ficam de fora do pacote de personalidade que os que querem qualidade de vida toleram. E isso não diz respeito somente a sexo não.

Ter amor próprio e ser altruísta são coisas antagônicas. Não dá para coexistirem entre as preferências de alguém. Quem diz ter amor próprio, primeiro pensa na sua felicidade para depois pensar na do outro. Ao passo que faz o contrário quem diz ser altruísta. Logo, se quem tem amor próprio não tolera depressão, carência e reverência, precisa que seu par perfeito seja alguém que não preze essas coisas típicas de quem se diz altruísta.

Não estou dizendo que ninguém deve gostar de ser altruísta, estou dizendo que a lógica da natureza não permite que opostos se correlacionem. Podem até atraírem-se. E, sejamos racionais, para eu ajudar o próximo eu preciso gostar de mim primeiramente.