MANHÃ DE REFLEXÃO

Numa manhã de sol saio a caminhar pela praia quase deserta. Sinto a areia molhada massagear os meus pés, dando-me uma sensação de bem estar. Já um pouco cansada sento-me e fico a observar a grandeza do mar. Suas águas, ora com tons azuis, ora esverdeados, completam a beleza que se desnuda diante dos meus olhos. As ondas serenas em seu balé chegam de mansinho beijando a areia da praia.

Sob o céu azul, algumas nuvens flutuam como se fossem flocos de algodão. Envolta neste cenário, meu corpo recebe a energia do grande mar, trazida pela brisa suave, e em silêncio torno-me apenas uma testemunha da Criação.

A encosta escarpada, por trás das minhas costas, mostra o relevo que com seu trabalho de milhões de anos estava ali presente a desempenhar o seu papel. Aqui, acolá, passava um transeunte quiçá a observar a beleza da natureza assim como eu.

Continuo sendo uma observadora! Foi quando veio em minha lembrança a história de Fernão Capelo Gaivota, personagem de um dos livros do escritor Richard Bach. Comecei a deslumbrar a mesma cena da gaivota com seu voo rasante, tentando através do esforço e da coragem voar mais alto.

Pensei! Somos como esta gaivota que busca o aprendizado, não importando o esforço e a persistência para manter o equilíbrio sobre suas asas. Também precisamos do equilíbrio entre o conhecimento e a sabedoria, para conseguirmos voar mais alto.

Ali fiquei por algum tempo, mesmo sendo este irrelevante, quando alguém toca em meu ombro. Naquele momento me dei conta da viagem que tinha feito e volto à realidade concreta, que é tão real quanto a realidade do nosso imaginário.

Começo a refletir sobre a evolução e lembro-me de uma frase: “É preciso morrer para nascer”! Assim falam e vivenciam os místicos. Pelo viés deste pensamento o Ser tem que separar-se de si mesmo, ou seja, do seu ego, preconceitos, ambições e ilusões, para que consiga ouvir e sentir o “eu lírico” que vive dentro de cada um.

O caminho da evolução para o ser humano é único. Até porque cada um constrói a sua própria história. Tudo que um Mestre pode fazer é apontar o caminho. A escolha é individual. O caminho da evolução é árduo e a Vida esconde mistérios que ainda não são possíveis decifrá-los.

O conhecimento é infinito e vai bem mais além da lógica e da observação. Ele transcende. Aprendendo através da intuição o ser humano pode abrir a sua percepção espiritual e olhar para si mesmo. É o “conhecer-se a si mesmo”, segundo o filósofo Sócrates.

Procuremos, portanto, despertar em nossa alma esta luz, pois somos capazes de fazê-la brilhar, por sermos centelha divina una com o Criador.

Neneca Barbosa

João Pessoa, 09/10/2014

Neneca Barbosa
Enviado por Neneca Barbosa em 13/10/2014
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