MINHA NOITE COM VERA (EC)

Acordei aos sobressaltos.

O dia se arrastaria em um só pensamento.

Hoje iria encontrá-la.

Achava-a mais linda mulher... Marylin não contava.

Sem fome pela tensão de ansiedade, o café passou em branco.

Depois nem sei o que fiz, qual caminho segui, se cruzei algum farol vermelho.

Via apenas sua imagem o dia inteirinho.

Desculpe-me Marylin, mas hoje meu corpo, olhos, olfato, tato estavam reservados apenas para Ela.

Guardaria todas minhas energias para aquela noite.

Escolher a roupa, saber como cumprimentá-la.

Puxar a cadeira, escolher o prato e a bebida.

O restaurante foi sugestão, ou melhor exigência, d’Ela.

Sua fama era de ser uma mulher muito exigente.

Personalidade forte e intempestiva.

Era linda. Rivalizava com Marylin.

Conseguira, a custo, o encontro.

Agora não tinha escapatória, nem desculpa.

Não podia dar vexame.

Se falhasse e caísse na boca do povo que falhei.

E, com certeza, haveria os paparazzi.

Ela, naquela noite durante algumas horas, só para mim.

Sinceramente nunca pensei que teria tal oportunidade.

Sonhava há anos com esses momentos.

O que dera em sua cabeça para depois de tanto tempo aceitar jantar comigo? Trocamos uns bilhetes furtivos, alguns telefonemas e depois de muito insistir, Ela aceitou o encontro.

Outra vez não me lembro do caminho que fiz.

Cheguei em casa. Olhei, desculposo, para Marylin, que parecia censurar-me.

Banho caprichado.

Hoje tenho que estar bem cheirosinho.

Usar aquele perfume importado.

Roupa impecável.

Como se eu tivesse alguma.

O que é social passeio mesmo?

Acho que não é preciso usar gravata.

Cheguei cedo ao restaurante e quem lá está? Marylin a fitar-me, como torcesse tudo desse errado

Os minutos se arrastavam. Meia hora de atraso.

Já me consolava e conformava-me.

Tititi na porta.

Era Ela entrando e vasculhando o ambiente.

De relance, notei os olhares a inveja dos homens ao perceberem Ela vindo em minha direção.

Respirei fundo para cessar a tremedeira.

Aproximou-se, com leve e sedutor sorriso.

Boa noite!

Você é o Pedro?

Um formal beijo na face.

Vamos à entrevista.

Olhei para Marylin. Com ar compreensivo, também parecia sorrir.

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(*) “Ela” no texto original, escrito em 1985 era Vera. Uma entre tantas belas mulheres que tiveram seu tempo de estrelato.

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Encontro com uma personagem

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Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 20/10/2014
Reeditado em 20/10/2014
Código do texto: T5005563
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