E S P E R A N Ç A


O quão pálida pode ser a esperança... tão sem nuances, tão insegura, tão frágil! E isso acontece toda vez que eu a deposito sobre os ombros alheios. E espero que eu não me decepcione, que minhas expectativas sejam correspondidas, que tudo dê certo e aconteça exatamente da maneira que eu espero.

 Eu espero em Deus. E em mim mesma. Há algum tempo deixei de esperar que alguém venha salvar-me ou compreender-me.

Vejo as pessoas colocando suas esperanças de um mundo melhor e de um país melhor nos ombros de políticos - corja de abutres que há muito tempo já provaram não ser confiáveis. E por eles, elas brigam, vociferam, ofendem, depredam, caluniam. Chegam a ser tão radicais, que não veem a corrupção, o escândalo, as falcatruas nas quais eles estão envolvidos. Abrem seus bolsos, voluntariemente, para que continuem sendo roubadas, depredadas e enganadas. Precisam acreditar em alguma coisa - e eu vejo isso como desespero. Acham que que um salvador da pátria surgirá no horizonte, resgatando para si todas as suas necessidades e sonhos, construindo um caminho para que eles se realizem.

Pobres pessoas... não veem que isto jamais acontecerá. Não existem esperanças fora de nós mesmos, a não ser Naquele que descansa dentro de cada um de nós. Estes vendedores de sonhos, embora tenham muitos clientes e bolsos sempre cheios, trazem suas sacolas vazias. 

Anos após estas eleições, como em outras, veremos que nada mudou. Veremos que vendemos nossos sonhos à toa. Tudo vai melhorar apenas no momento em que pararmos de ficar olhando o horizonte, esperando que um Messias volte e salve nossas almas, ou que Um salvador da pátria construa-nos casas, eduque-nos, cuide de nossa saúde. Temos que aprender a fazer isso sozinhos. Os políticos não são nossos pais e mães. Ninguém está preocupado com o nosso bem-estar, esta é a verdade. 

A mudança que queremos ver não começará jamais do lado de fora, mas apenas dentro de cada um de nós. E é através desta mudança interna que teremos um dia o prazer de ver que aqueles que nos representam, mudaram de verdade! Que eles são pessoas melhores, mais humanas, mais honestas, mais competentes!

Vou às urnas sem qualquer esperança. Não confio em nenhum dos candidatos. Vou porque sou obrigada a ir. Talvez, quem sabe, um dia isso mude, e eu vá com consciência, animada de crença e cheia de certezas. Mas hoje, o que eu vejo ali, esperando o meu voto, são pessoas que nada nos trarão de novo.



A Esperança

A esperança dança,
Desmancha as tranças 
Dos que por ela
Esperam.

Brinca de roda,
Brinca de pular
A fogueira 
Do desespero.

A esperança cansa-se
De dar sua seiva
A quem a ela
Pendura-se, apenas.

A esperança é a recompensa
Daquele que pensa,
E põe sua fé
No que acrescenta.





 

 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 26/10/2014
Reeditado em 26/10/2014
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