A BONITA BANANEIRA

Eu tinha uns seis anos e como filha mais velha ficava sempre em volta do meu pai!

Então, certa manhã ele disse-me que iria podar umas plantas que tínhamos ao redor da nossa casa. Fiquei observando-o quando pegava o grande facão e saia para o quintal em direção a uma pedra onde amolava os apetrechos de trabalho.

Segui-o de perto e fiquei observando enquanto afiava cuidadosamente a ferramenta até ao ponto de deixar a lâmina brilhante e com um fio que, segundo ele cortaria bem, assim que tocasse qualquer planta.

Fomos para o pomar e fiquei olhando como ele podava cada planta dizendo que estas precisavam de cortes para que ficassem mais fortes e produzirem melhores frutos na estação própria. Assim, dirigiu-se a uma bananeira bem verdinha que, segundo ele, não pertencia àquele espaço já que era uma bananeira de jardim e não produzia frutos comestíveis.

E em um piscar de olhos, como um relâmpago que cruza o céu em uma noite escura, eu vi a bananeira verdinha tombar ao chão do nosso pomar. Quando olhei para onde ela estava plantada sobrava apenas um pequeno toco no solo e o restante do caule minando a seiva que lhe dava a vida.

Coloquei as mãos na boca e exclamei “O que você fez com a bananeira tão bonita!” Meu pai olhou para mim, deu um sorriso, passou a mão na minha cabeça e disse: “Filha, há matos que devem ser cortados no talo”. Mais tarde compreendi que matos para ele eram as ervas daninhas que atrapalhavam o crescimento das demais plantas do nosso pomar.

Em instantes vi a bananeira murchar e no dia seguinte já estava misturada aos demais ramos secos no chão. Morreu a bonita bananeira que crescera fora do seu habit e atrapalhava o crescimento das demais plantas. Senti muito e à noite fiquei pensando na seiva espessa e transparente que escorria do caule enquanto esta sucumbia ao solo.

Levantei-me no dia seguinte e disse ao meu pai que queria ver a bananeira, de novo. Foi aí que ele repetiu novamente as palavras que têm apontado o caminho para o alvo que tenho procurado acertar “Há matos que devem ser cortados na raiz para que não voltem a crescer, de novo”.

Saudade do meu Pai!

Vicentina Vasques
Enviado por Vicentina Vasques em 27/10/2014
Reeditado em 26/02/2018
Código do texto: T5013267
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