É PRECISO TER HUMILDADE

É regra básica da natureza que, já na concepção, sejamos dotados de muita energia, para que, quando viermos à luz, tenhamos plenas condições de superar os desafios que a cada instante teremos pela frente, em face da sobrevivência.

Mesmo quando ainda bebê, superamos uma gama enorme de adversidades, o que nos faz cada vez mais aptos ao enfrentamento dos dias vindouros.

Vem a infância e vamos nos sentindo cada vez mais capazes de superações.

Seguem-se a pré-adolescência e a adolescência e somos tomados por sentimentos de que somos melhores, mais fortes e mais sábios que nossos pais e demais adultos, os quais muitas vezes reputamos ultrapassados.

A arrogância de alguns é tanta que chegam a pensar em como seus pais sobreviveram e adquiriram os bens e status que possuem, sendo assim tão bestiais.

Entramos na idade adulta e aí ninguém mais nos segura. Sem os entraves da tenra idade e com tanta sabedoria, energia e disposição, há em muitos a sensação de serem os “donos do mundo” e seguem decididos e indomáveis pela vida.

O tempo vai passando, a idade vai avançando, porém ainda nos sentimos jovens, embora adultos e já na casa dos 30, 40 ou 50 anos.

A arrogância e a prepotência de muitos de nós não nos deixa perceber o quanto somos pequenos e seguimos mostrando nossas garras, dentes e poderio ofensivo, ao menor pretexto.

Mas o tempo não para, avança paulatina e inexoravelmente, provocando a degeneração gradativa dos nossos órgãos, sentidos e funções.

Inicia-se ou agrava-se, com o passar dos anos, a temporada de doenças e fragilidades, que nos acompanharão, impositivamente, pelo resto de nossa vida.

Aos poucos alguns vão se apercebendo e se fazem mais humildes, aceitando a vontade divina e aprendendo a conviver com a dura realidade a que estarão atrelados até o último suspiro.

Outros tantos, mesmo se vendo definhando a cada dia, mantêm a arrogância, tornando os dias que ainda lhes restam ainda mais penosos. Como se julgaram por todo o tempo vivido “no comando da situação”, não aceitam a dura realidade de total dependência daqueles a quem tanto subjugaram. Com isso tornam-se indóceis, insuportáveis e ninguém os toleram. São evidentes as suas fragilidades, mas, concentradores como são, não querem abrir mão daquela que lhes foi companheira fiel e inseparável em toda a trajetória: a arrogância.

Muitas vezes, considerando a necessidade que tem o idoso, de atenção por 24 horas, apenas os familiares não são suficientes para cumprir a jornada diária de cuidados. Torna-se necessária a árdua tarefa de contratação e adaptação de cuidadores, iniciando-se uma escala de revezamento nesse cuidado.

Por um propósito divino, quando na condição de anciãos ou de fragilidades diversas, vamos perdendo as forças e grande parte dos movimentos. Talvez seja para que assumamos a nossa insignificância diante do Criador. Às vezes perdemos total controle das nossas funções fisiológicas, quando não nos é tirado também o controle motor. Fatos esses que devem ser bem mais penosos para os arrogantes.

Esse quadro de total impotência antes de deixarmos a vida terrena, talvez seja uma das formas que Deus encontrou de fazer-nos aceitar a nossa pequenez e nos tornar dignos de estarmos junto Dele.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 28/10/2014
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