APENAS UMA CRÔNICA
Valdez Juval


Nem sei o que vou escrever.
Estou assim,... sem inspiração.
E tenho tanto que falar!
Onde está o compromisso assumido comigo mesmo de estudar, escrevendo?
Além disso, gosto de escrever.
E pretendo escrever até aprender.
Mas hoje não concateno as ideias, não formo o sentido das frases e nem sei dizer o que estou querendo que saibam.
Será que parei de amar?
Ou será que estou inibido depois de dizerem que minha crónica foi libidinosa; que não fui sutíl, o suficiente; que fui direto ao assunto com detalhes óbvios e desnecessários?
Será que não fui aceito porque não narrei de forma factual, a magia de uma noite de amor?
Não, creio que não.
Será que estou constrangido pelo comentário de estar impressionando pelo meu culto à morte?
Que minhas crônicas teem uma ideia fixa ou medo, ou admiração ou atração pelo desconhecido?
Será que não posso ou não gosto de viver?
Não vamos nos aprofundar, comentando sobre "The chasm", "The good death" ou "Going for the glory".
A primeira das teorias mostra o fascínio exercido pela morte sobre nós. A segunda acompanha a luta do ser humano para adiar o seu fim e por último, a que analisa os traços místicos e metafísicos que acompanham a morte e como as religiões explicam o fenômeno do fim.
Confesso que não conheço nadinha de nada. Li para entender, mas não pratico nem admiro nenhuma delas.
Da morte quero distância embora não possa me esconder dela.
O antropólogo Roberto DaMatta disse que a morte é um enigma. É um fato esperado, inevitável e que não se divide, pois ninguém volta para relatar o que aconteceu.
Pois é...
Mas nada disso me preocupa.
Adoro tudo que me falam ou escrevem.
São opiniões que gosto de receber, tomando conhecimento da reação dos que me leem.
O pensamento de cada um é um mundo intransponível e indecifrável. É como dizer que quando escrevo, estou deixando fluir um sentimento ou me expressando como um personagem que a imaginação criou sem se preocupar se vai agradar gregos ou troianos.
Mas o que se há de fazer?
Está provado que não se está neste mundo para agradar a todos, nem mesmo morrendo em uma cruz.
Adverti certa vez que não percam tempo lendo minhas crônicas para não caírem no ridículo.
Pedi até para não divulgarem este festival de besteiras e que se quisessem teimar em ler, que guardassem somente para si.
É um grande favor que farão à literatura brasileira.
E por ela, agradeço.
Agora vejo que já preenchi mais de uma folha de papel.
Ótimo!
Não quis deixar o domingo sem manter este contacto com vocês.
E alguma coisa deveria escrever,
nem que fosse apenas uma crônica.
valdezjuval
Enviado por valdezjuval em 04/11/2014
Reeditado em 06/12/2019
Código do texto: T5022944
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