JUSTIFICATIVAS DOS PERDEDORES

Adoro canastra! (jogo de baralho inventado... não pelos chineses, estes inventaram aqueles garranchos, que chamam de ideogramas e/ou alfabetos e a pólvora, para matar nós e eles próprios).

Na empresa onde sou contratado temos um grupo de colegas de trabalho (lógico: e amigos!), que jogamos canastra, no horário de intervalo para o almoço, lá se vão quase meio século.

Neste jogo específico, num ranque nosso... de 58 (cinquenta e oito), sou ranqueado como 57º (quinquagésimo sétimo). Eis que cometi um erro de principiante, que nos impôs, a mim e meu parceiro a uma derrota humilhante; e tentei uma justificativa de profissional (que ensejou escrever este texto), no que meus amigos e parceiros de jogo sorriram a valer e me cornetaram sem dó nem piedade; o que relevei, pois bem o mereci (não carece aqui especificar o mote).

Os atletas e técnicos esportistas são os que mais se justificam após as derrotas. Exemplo clássico o técnico do Corinthians, Mano Menezes:

- Merecíamos a vitória. Não fosse o juiz ter dado aquele pênalti inexistente, contra nós; e o bandeirinha ter marcado impedimento naquele gol legítimo, nosso.

Outro que chora por qualquer derrota é o Neymar. Principalmente se for diante de câmeras de TV e/ou repórteres, à beira do campo, no final do jogo:

- Jogamos bem melhor do que o adversário, eu particularmente. Mas os zagueiros deles me caçaram o tempo todo, dentro de campo. Fui derrubado sete vezes dentro da área, mas o juiz não marcou nenhum pênalti.

As crianças, quando tiram notas baixas (as primeiras derrotas delas), se justificam impelindo a culpa nos professores.

As mulheres (principalmente as esposas), quando derrotadas pelos desejos carnais e libidinosos (para não dizer traição), para os maridos se saem com esta:

- Procurei fora o que você não me fornece em casa.

Os homens (principalmente os maridos) nas traições, vulgarmente chamadas de “escapadas”, se explicam:

- Ah, amor! Foi só um deslize.

Entre estes, os mais idiotas se abonam admitindo que são cornos:

- Prefiro degustar caviar com os amigos do que comer abóbora sozinho.

Veja bem! Até os animais tentam justificar suas derrotas. Meu cachorro Capello, após levar uma surra de outro cachorro, na rua, veio canindo para meu lado; procurou se desculpar se esfregando em mim.

Na última eleição, metade da nação, se viu na contramão. Até hoje se ouve justificativas as mais esdrúxulas para a derrota. Uns dizem que é responsabilidade dos nordestinos, outros que é a ignorância dos beneficiados pelas benesses do governo (bolsa escola, bolsa família, vale gás... etc... etc...); outros que é culpa dos mineiros ingratos (supondo estes que o Aécio foi uma maravilha de governo em Minas, no que não boto fé e tenho minhas dúvidas); e ainda tem aqueles que inferem que houve fraude nas urnas eletrônicas, que estas estavam “viciadas” a favor da Dilma.

Eu, aqui no meu chororô, se bem que lugar de chorar é na cama, que é cancha quente, também derrotado, se bem que no primeiro turno não votei em nenhum dos dois, apesar de ter votado na Dilma no segundo turno, quando optei pelo espeto às brasas, uma vez que este não encosta nestas, ainda que enterrado em mim, deixo-lhes o direito de deduzirem onde... (sendo meu consolo, que em vocês também).