NÃO BASTA SER POBRE, TEM QUE SER PRESA FÁCIL DE ENGENHARIA SOCIAL

A moral é móvel. Quando os grupos hegemônicos necessitam configurar a sociedade para determinada moral para atender suas demandas eles a mudam. Racismo contra negros é permitido quando o contingente de prejudicados é desinteressante e desprezível; quando é interessante comercialmente o racismo passa a ser crime. Negro para ser respeitado tem que se mostrar forte consumidor.

Quase sempre, a guerra é moralmente abominável. Mas quando é preciso criar uma para abrir mercados, comerciar armas e munições que estão estocadas, destruir e lucrar com a reconstrução de cidades, reduzir a população para níveis que satisfaçam a gestão alimentar eles criam. Mandam pro inferno um monte de soldados bobos que não se revoltam, abaixam o rabo e vão morrer achando que é em nome da pátria que eles marcham. Matam um monte de civis inocentes, que eles transformam anteriormente em bandidos em vez de vítimas que são, enfrentam uma corte marcial de fachada após os combates e ficam prontos para outra. Têm a condescendência de todo o planeta, daqueles que se dizem amantes da paz e do amor e que dão o aval para o imperialista maltratar o humilde assim mesmo, e por isso não têm limite para cometerem injustiças.

Não fosse a engenharia social e o controle mental que fazem uso os vilões que se passam por mocinhos não teria sido assim tão fácil convencer a humanidade que o Sadam era a personificação do mal para depois enforcá-lo. Nem que o tal do vírus da Gripe Suína era um bicho para lá de infernal e por isso a população mundial devesse autorizar seus governos a gastar uma fortuna da verba pública para comprar vacina na mão dos Rockfeller.

Por que tudo funciona? Exemplificarei. Quando inventam guerras mundiais, as sociedades são instruídas a praticar a tal da economia de guerra. Aparece a mídia ensinando truques. Que se deve cortar o palito de fósforo pelo meio na vertical para durar o dobro do tempo que duraria uma caixa; Que se deve colocar água dentro do pacote de Ki-Suco para render os dois litros que já rendem com alguns mililitros a mais de suco; Que se deve raspar a faca na carcaça da embalagem de creme dental para espremer o máximo que puder de pasta de dente na escova. Durante os tempos de economia de guerra a propaganda de creme dental na tevê nem aparece o ator preenchendo toda a extensão da superfície de nylon da escova. Ele põe só um trisquinho. Sorri e fala para a gente que é assim que se faz. Que assim é suficiente. Então, sempre foi, né? Mas a ficha de quem sofre lavagem cerebral pelas campanhas publicitárias nunca cai. Ô bicho lento que ainda acredita em propaganda e produto bom e barato!

Quando a guerra acaba é preciso voltar o consumo tal qual era. É preciso, no início, até dobrar ou quem sabe triplicar o faturamento para compensar os tempos de míngua de gente comprando. Só que é aquela coisa: Povo doutrinado não vai contra a doutrina. Quer ver? Faz um teste: tente convencer um evangélico de que Jesus nunca existiu e me diz se você conseguiu. Não vai ser qualquer propaganda das antigas, ensinando a lascar pasta na escova, daquelas que gera uma espuma como se se tivesse jogado sais em uma banheira, que vai enganar o bobo do consumidor e voltar ao normal o hábito dele de usar o produto. É preciso partir para novos métodos para refazer a programação mental coletiva. A uniformização de pensamentos e de hábitos é uma arte.

Agora, que esses donos do mundo são bons nela, isso eles são. Se precisarem de uma tática que faz com que o estado anterior retorne, mesmo tendo sido necessário uma ruptura chocante dele, eles conseguem inventar. Ó o que eles fariam, no Brasil, no nosso exemplo: Primeiro abobeirariam os indivíduos por meio da mídia. Colocariam umas personagens bestas e bregas no Zorra Total ou no A Praça é Nossa ou noutro humorístico televisivo que existe. Dariam para essas personagens uns bordões e esperariam o povão abobalhado alastrar as falas e dar, rindo, o feedback de tudo. Cada bobão desses, que ninguém ficaria à vontade de fazer tudo o que ele faz, apareceria utilizando uma das táticas de economia de guerra. Associação, entende? Esse é bobo e faz isso, logo, se faço sou bobo também. Só que até aqui ainda não apareceu a figura do cara que diz que ser bobo não é legal. Ainda não apareceu o cristo salvador para tirar a plebe das trevas.

Nos programas de auditório estariam presentes os avatares do tipo Mamonas Assassinas: Falcão, Tiririca, Batoré, Casseta e Planeta. Gente da música, da tevê, do stand up comedy. E cada um deles malfadando atos de economia doméstica.

Um caricato "anônimo", digno de pena e por essa razão digno de popularidade à base de compaixão, pode ser embutido em um reality show de confinamento para alegrar a audiência até o momento de ele sair. Isso só se ele não estiver funcionando de modo que compense dar para ele o prêmio máximo (achava que as ligações decidiam?). Arrumam um bordão para o idiota passar para os idiotas que o assistem se identificarem com o ídolo. E algum nome infantil, daqueles que lembram bebê de desenho animado da Hanna-Barbera tipo Os Flintstones. E não se esquecendo da associação: O Bambam divide os tabletes de sabão em barra, coloca no varal duas bermudas usando um pregador em comum, faz touca com as pernas de meia-calça da irmã e etc.

E mais, né, na programação corruptora da audiência televisiva, uma comédia de costume dominical. Que passe tarde da noite, quando o cérebro tá mais receptível e disposto a aceitar programação, e que entre as personagens tenha um sujeito que odeia pobre. E que este, para desencorajar as pessoas de continuarem com o já vencido consumo de guerra e de serem como os bobos anteriores, viva debochando das práticas que o Governo ensinou e pediu para o povo cooperar praticando, alegando se tratar de hábito de sujeito excluível da sociedade. Seu ótimo bordão poderia ser: Não basta ser pobre. Que se completaria com coisas como: tem que dividir o palito de fósfe pelo meio... raspar o creme dental com a faca... botar água dentro do saquinho de Ki-Suk. Isso é bom até pra virar esses jpegs que gostam de espalhar pelas redes sociais imaginando que eles só distraem e provocam risadas. Já que a audiência das rádios, das tevês, dos jornais e revistas migraram para essas redes...

Aposto como você não sabia que esses popularescos todos tinham um propósito tão obscuro, né mesmo? Comenta aí!