No restaurante, quando o jovem garçom se aproximou para anotar o pedido, cumprimentou-me, indicando que talvez já não me lembrasse dele. De fato a cara tinha algo de familiar, mas a minha memória é muito pequenina. Com cara de envergonhado, disse-lhe que tinha uma idéia, mas que era só isso, uma idéia. Respondeu-me que era um antigo aluno da escola, um daqueles que estivera na minhas aulas de História, Lembrei-me dele. Tinha traços daquela meninice. Conversa puxa conversa. Onde está agora? Estou morando na zona norte. Continuas a estudar? Não, estou trabalhando aqui nessa firma. Sim senhor, o tempo passa e a gente cresce ou se torna velho. Rimos disso. Eu do crescimento dele e ele, supostamente, da minha velhice. Olhe que até já tenho um filho. Isso é que é bonito, dizia eu, quando me ocorreu, desconfiado, perguntar-lhe se casara. Respondeu que não. Insisti sem complexos nem repreensões, que não gosto dessas coisas mas também não tenho que achar-me dono das certezas.  E então não pensas nunca fazê-lo, isto é, casar-se? Oh, não sei, depois a gente vê. E foi o depois a gente vê que me arrastou para uma série de pensamentos. Esta coisa das uniões de fato  tornou-se tão banal e tão natural ou comum, que até dói. E o problema não está nelas em si. As pessoas juntam-se porque é menos comprometedor juntarem-se que casarem. Hoje é muito difícil as pessoas comprometerem-se seja com o que for. Neste caso em concreto, eles esquecem que até já têm um compromisso comum, o próprio filho.