Manoel de Barros

“Manoel, foi pro céu, Manoeeel foi pro céu...” Pensei em começar esse texto com o trecho desta música. Gosto da música, gosto do autor da música.

Mas achei simples demais, para a grandiosidade da pessoa sobre a qual quero escrever. Sim, Manoel. Um nome simples, eu sei. Sobrenome, mais simples ainda “de Barros”... E então só me vem à mente “somos todos feitos de barro”... ou de vidro, ou de papel. Enfim, somos todos finitos. Finitos para as pessoas, para os relacionamentos, para algumas situações. Tudo realmente é finito, aqui, nesta terra.

Mas alguns “finitos”, penso eu, são tão grandiloquentes, tão profundos e intensos... que toda sua própria finitude permanece. E se permanece, posso eu ainda chama-la de “finita”? Não, não posso.

Portanto, um dos meus poetas preferidos (Adriana, qual poeta não é seu preferido?)... Pois é, eu sei que existem muitos. Mas Manoel de Barros, realmente é especial... E mais especial ainda porque viveu em minha época, viveu e provavelmente viu muitos céus como os céus que vi. Muitas luas para as quais olhei. Muitos chãos em quais pisei. Um poeta, inclusive, da terra. Não da minha terra exatamente. Mas da terra no sentido de raízes, valores e essências.

Quereria eu tê-lo encontrado pessoalmente. Quereria ter eu um registro com ele. Mas tive, de certa forma, em algumas aulas, quando me deparava com seus textos e tentava fazer meus alunos amarem poesia, tanto como eu amo. Talvez não tenha conseguido fazer todos os alunos amarem poesia com Manoel de Barros, talvez tenha conseguidos através de outros autores.

E talvez não tenha conseguido com nenhum.

Mas sei que em algum momento, alguém parou para me ouvir falar de poesia. E em algum momento alguém parou para ler meus escritos. E para quem me pergunta: de onde vem minha inspiração, minha resposta vem de citações, falo de coisas que vejo e ouço... Mas na real, minha inspiração vem dos mestres que passam pela minha vida, ou pela minha terra.

Manoel de Barros. Não sei quantos por cento em mim é inspiração, quantos por cento em mim é apenas invenção. Mas saiba que minha totalidade é poesia. E você é uma delas.

Um dia a gente se vê.

Um abraço

(Adriana Luz. – em 13 de novembro de 2013)