Eu disse numa crônica minha que estamos cada vez mais robotizados, menos humanos.  A verdade é que até um robô é mais humano do que nós, visto que há alguns modelos de robôs que choram, riem pedem abraços, contam histórias, enfim são quase humanos. E nós somos seres o quê? Somos ou fomos? Somos uma extinção, isto sim, nada que pudesse nos render a meros humanos, já não existe mais. Agora, somos qualquer coisa, menos, ser humano.
            O engraçado é que se vemos uma cena rara de atitude humana, ficamos impressionados visto que é uma denúncia que a metamorfose coletiva desumanização já se estalou, e nada mais podemos fazer.

     Outro dia vi um jovem cedendo lugar a uma senhora, fiquei bobo, queria filmar, agradecê-lo, pois isto é ainda um pequeno vínculo de humano, mas logo desesperei li alguns jornais, a violência é cada vez mais um cenário comum, mais do que aceito por todos nós. É capaz de até os próximos robôs a serem criados serem mais educados, mais pacíficos e afetivos, que nós mesmos. Aliás, ainda persistente e teimosa pergunta continua no ar: - será que ainda somos seres humanos? Acho que os nossos corações estão estéreis e é raro amar, temos um milhão de motivos para dizer que o ser humano é um ser em extinção. De tanto caçar animais indefesos, de forma indiscriminada, colocando muito deles em extinção, agora que entrou em extinção somos nós. No entanto vivo o “oxigênio” de atitudes raras como aquela que vi outro dia: - Uma filha viu a mãe preste a se molhar na chuva lhe deu passagem para ônibus e a sobrinha para que esta seguisse para o ponto de ônibus, sem se molhar, e logo encarou obstinadamente a íngreme ladeira, debaixo de forte chuva. Isto é raro.
            Não sou cético, sou apenas um observador, o seu humano é animal mais estranho que existe, e às vezes comete algumas raridades como amar. Dizem que não há escolas para formar seres homo sapiens em seres humanos, diante da crise da educação mundial, nada ou muito pouco pode se fazer, para que se  modifique o coração humano. A desconfiança é a grade que nos prende e a violência é a nossa cúmplice, ou somos cúmplice dela.
            Diante disso, devemos criar cada vez mais robôs, eles estão evoluindo, e se tornando muito semelhantes a nós. Mas cuidado o gene humano é algo que pode ser perdido, caso não seja evoluído.
            O que faremos? Eu só observo, e coleciono as raras atitudes humanas, que ainda existem, como uma forma de se ter mais esperança em mim e no mundo. Quem sabe um dia, cheio desses atos raros, eu possa juntá-los e formar um novo “ser humano.”
André Mendes
Enviado por André Mendes em 17/11/2014
Reeditado em 17/11/2014
Código do texto: T5038974
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