Acabou a Páscoa e de súbito o comércio já se prepara para o tão rentável, dias das mães, sinto que não poderei ajudá-los, pois estou inadequado para a maioria da clientela, que por ora habita as ruas neste momento, estes irão mais uma vez se enquadrar nos compulsivos coletivos por comprar, estes “zumbis” parecem como àqueles mortos e vivos de filme de terror, ao invés de buscarem sangue, estes daqui buscam promoções, ofertas exclusivas e monte de pechincha!  Mas como eu ia dizendo, a páscoa acabou, e de fato, os anúncios me dão está inexorável verdade, acabou, e os danados dos anúncios, explicam como comprar e pagar só em julho, não sei lá quantas vezes no cartão ou no cheque, nem sei usar cartão tampouco cheque. Bom, o comércio não brinca em serviço, já todos eles, imaginam e calculam o quanto vão ganhar.
            Atravessei a rua e me deparo com as novas promoções, aliás, são para as mães ou para as mães deles? Que neste caso seria o sistema capitalista, não sou contra o comércio tampouco contra o sistema capitalista, contudo este meu pedido de socorro ás avessas é que nos tornamos máquinas de comprar, alguém deve nos reprogramar, se é que tem como? Somos tão desesperados que riscamos as datas comerciais, começando do dia primeiro do ano para o dia vinte cinco de dezembro, o mais rentável de todos, o nosso querido Natal, é proibido perder venda, gritam todos! Como um assalto a lucidez, é proibido entrar numa loja sem comprar, para isto a tática é infalível: - Te dão cafezinho, suco e se bobear até beijo na boca, de olho é claro na sua possibilidade de compra. A máxima é clara: - É PROIBIDO PERDER VENDA!
            Estou dentro de uma loja, sem nem saber por que entrei, sei que o vendedor, me colocou no pedestal, eu que a meia hora estava, perdido meio ao que fazer para os dias das mães. Mal sento eu deseja boa tarde, de forma clara e técnica, e logo em seguida me diz, os jargões como “temos ofertas incríveis, irresistíveis, imperdíveis” e entre tantos “ins” eu preferir ir embora, tudo estava caro demais, ou eu pobre demais, mas o vendedor levando a máxima a sério, me disse que dividia tudo no cartão ou no cheque, em três vezes ou mais, sem juros, eu quase rir, por que nem cartão eu tenho, não o de crédito ou débito, mesmo que tivesse preferia usar o bom dinheiro vivo,e claro que eu li o manual de educação financeira, não para quê, mas lá estava escrito em negrito, pague a vista quando puder.Ok, manual, foi por isso que sair dali, estava sem dinheiro, tinha de fato um pouco, e com um tampinha nas costas ele, me saúda e finaliza:
- Volte sempre!

     Olho para trás e vejo evidentemente a frustração do vendedor, talvez eu fosse o número final da meta de venda dele, deu até vontade de ser cúmplice desta frustração solitária.
André Mendes
Enviado por André Mendes em 18/11/2014
Reeditado em 18/11/2014
Código do texto: T5039492
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