A curva do rio e meu coração.

Gostaria de enterrar meu coração na curva do rio.

Eu mesma queria retirar este pedaço inútil, cheio de mágoas, podre de ódio, retirar todo e qualquer tipo de sentimento de mim.

Não quero mais sentir nada, nem amor, nem alegria.

Nem fome nem saciedade, nada mesmo.

Quero enterrar este órgão que me enterra a todo instante.

Que ele fique por lá, em lugar remoto onde não mais faça mal a ninguém, nem a mim mesma.

Quero enterrar meu coração para que seja útil à terra, que a fertilize. Só assim terá alguma validade.

Dizem que o coração bate, mas o meu apanha, cada dia um pouco, e foi ficando assim amargo, sem amor.

Me enterre inteira se preciso for.

Mas não deixe ele assim com a liberdade de amar quem quiser, e depois sofrer e me maltratar.

Não adianta a educação formal, o tal pedaço de mim insiste em desobedecer a lógica.

Chega, cansei de estar todo tempo envolvida com pessoas que não nutrem por mim qualquer tipo de emoção.

Chega de sentimentos.

Enterre logo, agora.

Só te peço uma última emoção – que seja na curva do rio.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 18/11/2014
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