Síndrome do pânico
Já se passaram os sonhos,que eram cheios de alguma verdade
verdade essa,que acreditei por muitos anos
Parece não adiantar o sinalzinho da cruz,frente o portão de casa
como trabalhadores fazem ao chegar de mais um dia de trabalho
ilesos e cansados,mais agradecidos por estarem de volta.
Analisei minha vida inteira,até o dia de hoje,observei meu comportamento
principalmente nas dificuldades diárias,e me dei conta do medo que tive
durante todos esses anos,me sinto culpado por não poder culpar alguém
pelo meu fracasso,se voltasse todo o tempo que passou,com toda certeza
eu revidaria alguns golpes,mais ao invés disso,torci para que o tempo
passasse logo,e hoje vivo as consequências,quando a vida me da um soco
no estômago,perco todo o ar dos pulmões,e minhas mãos se fecham
mais sem a intenção de socar de volta,se fecham com uma queda brusca
de pressão,e num momento sufocante,o pânico me da um golpe de misericórdia.
Uns dias atrás,fomos no supermercado perto de casa,minha esposa e eu
ela pegou o carrinho e começou a olhar os preços dos produtos
cinco minutos se passaram,e no minuto seguinte tudo parou,era como
se todos no supermercado,olhassem direto e fixamente para mim
aquilo começou a me incomodar,era noitinha e o tempo estava seco
e quente,mais minha esposa disse que eu estava gelado,parecia outra pessoa
segundo ela, meu olhar estava parado,e meu corpo inteiro estava impaciente.
Na fila pro caixa,foi quando comecei realmente a passar muito mal
aquela fila não andava nunca,e todos me olhavam,um pânico repentino me
tomou por inteiro,comecei a soar frio,minha língua pesou tanto,que parecia
que eu estava engolindo ela,a cada tentativa de umedece-la,e a sensação
de engasgo era terrível,meu peito começou a vibrar passando por meus braços
até as pontas dos dedos,e não pude mais move-los dentro do bolso.
Minha esposa segurou minha mão,e disse para eu ter calma,mais não sei
o que deu em mim,fui totalmente grosseiro com ela,a respondi com tanta
raiva,que novamente pude mover os dedos.
Cabisbaixa,ela passou os itens um por um sem me dizer mais nada
naquele momento me senti o ser mais baixo da terra,não a merecia mais
ela era tão boa pra mim,que me deu nojo quando vi minha face refletida
na geladeira de coca-cola. Saímos do supermercado e meu coração
se regulou e começou a bater mais lento,meio abafado como se estivesse
num saco plástico,mais no caminho de volta pra casa,me senti um pouco
melhor,por um lado estava aliviado por estar de volta em casa,mas por outro
completamente envergonhado e arrependido,por ter tratado tão mal a pessoa
que tanto amo,e que tão bem cuida de mim.
"Me desculpe nega,não sei o que acontece comigo,estar aqui agora com você
é um alivio,é como voltar vivo de um passeio com a morte"...
"Tudo bem isso vai passar", e foi tudo o que passou naquela noite.