QUEM TORTURA MAIS: O REGIME MILITAR OU O REGIME CIVIL?

Pimentinha, telefone, pau-de-arara. Todo o mundo já ouviu falar desses métodos de tortura – que deviam doer para caramba – que eram usados nos idos 1960 e 1970 para fins de punição por crimes políticos ou justiçamentos e extração de informações pelo lado militar e também pelo lado subversivo ao Governo. Se apanhava à beça por motivos nobres. O lado civil apanhava porque brigava contra a ditadura implantada, que tolhia a liberdade da população de manifestar sua opinião e de ir e vir sem ser incomodada. O lado militar reprimia por tentar manter a ordem.

As torturas que passavam os brasileiros daqueles tempos deixavam os torturados bastante lesados moralmente e incapacitados fisicamente, chegando a ter havido algumas mortes devido à essa violência. Entretanto, elas não aconteciam de modo a afetar de maneira indireta a quem quer que seja. Mesmo que o torturado fosse completamente inocente quanto à acusação que sofria, ele precisaria ser levado até os locais de espancamento e desmoralização para sofrer sua lesão. O pau não era nada subliminar, era na carne. E tinha autor visível para quem estava apanhando.

E hoje? O que é ser torturado hoje em dia? Eu acredito que atualmente a forma com que se é perturbado, desmoralizado, oprimido ou agredido varia tanto e atinge até quem não tem nada a ver com o pato. Sendo que sequer é preciso ser aprisionado para ser atingido. É muito fácil para mim concluir que se sofre muito mais tortura com essa democracia que foi instaurada no Brasil com a volta do Regime Civil do que se sofria com a ditadura ocorrida no regime anterior.

A tortura psicológica é a mais sentida e a que afeta mais gente. Mas, mesmo a física é visível ser de maior tamanho na comparação. A violência no Brasil ocorre a torto e à direito. Envolve desde irmão contra irmão e os outros atritos que caracterizam a violência doméstica e vai até os choques de classe e os entre Estado e população. Há a violência contra o meio ambiente, a discriminação de toda sorte, a corrupção no meio político, que gera escândalos que, sendo sérios ou apenas trabalho de engenharia social, ultrapassam exorbitantemente em número os ocorridos durante o Regime Militar. O terrorismo que a mídia exerce na cabeça do indivíduo com a falsa informação ou com a desinformação objetivadas é o tipo de tortura social à longa distância que acontece mais numerosamente no Regime Civil. Haja vista o quanto aborrece, aniquila a mente e extorque opinião pela repetição o já exaustivo caso que andam chamando de Operação Lava Jato. Foi bom a liberdade de expressão da imprensa ter sido reprimida nos tempos militares, do contrário a baderna informativa que vemos hoje teria ocorrido antes e como unidade federativa o Brasil não teria sobrevivido muito tempo. Imprensa é algo que se mostra inútil e perigoso.

E a mídia, que no fundo representa outras entidades, dentre elas políticos e grupos empresariais, que querem tomar o país do brasileiro, conserva-se impune, invisível e ainda tem a condescendência do povo covardemente alienado, das igrejas e dos governos, além, é claro, da elite mantenedora desse caos.

E os motivos para se torturar ou de ser torturado, que antes eram nobres, hoje são cada vez mais parcos e imbecis e com objetivos cada vez mais torpes, sendo que o de propiciar consumo e o de simplesmente satisfazer egos e bolsos cheios de propinas e grana de superfaturamentos são os mais perceptíveis.

Ontem, por exemplo, dia de jogo de futebol que determinava o campeão de um campeonato nacional, à partir das dez da noite já se sentia em qualquer buraco de Minas Gerais uma tortura típica da democracia brasileira. O caos se formou com buzinação em hora e áreas proibidas, som alto oriundos de carros, casas e celulares, a não só atormentar com os decibéis, mas também com as irritantes letras das composições insuportavelmente repetidas, foguetórios que mais pareciam rojões de bombardeiros disparados para evitar que guerrilheiros caíssem no sono, gritaria de nome de time idiota de futebol, cenário deprimente de bobo alegre eufórico com besteira, gente a se drogar e a se embebedar, a emburrar-se e a bancar o palerma, a agredir alguém por motivos fúteis e a aumentar as entradas nos hospitais públicos, que nessa hora não são lembrados pelos telejornais em seus números circenses chamados de reportagens contra o Governo, devido ao fato de ser o motivo do aumento das entradas a engenharia social que a própria produtora das reportagens realiza na população em benefício próprio e de seu patrocinador, com o tal do futebol empreendimento, cujos resultados dos jogos e dos campeonatos são puramente midiáticos e satisfazem demandas socioeconômicas e políticas.

Nisso, trabalhador vira guerrilheiro alvo de militares e inimigo do Estado e por essa razão deve ser bombardeado; quem acorda de madrugada para ir para o trabalho não pode dormir sossegado e tem que trabalhar mal e dar prejuízo para a empresa, mesmo tentando fazer o melhor para não perder o emprego; quem simplesmente não gosta desse alarido e gostaria que alguém defendesse seu direito ao silêncio noturno, que se encontra descrito na Constituição Federal, tem como advogado de defesa a inércia da polícia, o descaso do Governo e às vezes a hipocrisia da imprensa, que costuma fazer reportagens para encher linguiça de noticiário, sendo que nas quais ela está pouco se importando com os prejuízos que o povo toma; quem tem o direito de ir e vir sem ser molestado, ou seja: todos os brasileiros, tem que ver alterada a cláusula por causa da ditadura do futebol; quem não quer se expor a som alto ou a mensagens e apologias idiotas contidas em letras de música tem que se expor sem choro; quem não quer presenciar o cenário de gente medíocre, abobada, engenhada pela mídia para dar importância para o futebol, comemorando sua alienação sem ganhar nada de proveitoso em troca, tem que presenciar e amargar sua própria repugnância. É o inferno que ainda há os que consideram paraíso. E eu ainda nem citei o resto dos métodos de tortura sarcástica e latente.

Tens dúvida de que no Regime Civil se sofre muito mais tortura e injustiça do que se sofria no militar? E vai continuar sendo assim. Não basta eleger presidente, se se continuar a dar atenção para a mídia e sofrer por ela moldagem de pensamento e de costumes nada vai mudar. Não é só votar e pronto. São os eleitores que devem obrigar os safados nas Câmaras, no Senado ou na Presidência a tomar tenência e acabar com todo o tipo de tortura que o brasileiro passa, além de fazer um governo para o povo e com total transparência, para que não tenha esse povo que ser ludibriado pela mídia em nome dos propósitos de cada veículo de comunicação desumano e de cada mercenário que os contratam. Governo esperto faz canal de tevê e de rádio para o povo. Em banda aberta e com uma programação concorrente corta a asa das emissoras que aí estão enganando todo mundo. Livres e desimpedidas.