Mulher, mulher! Eu...

Ela estava ali. Estava quieta, em meio a outras companhias também silenciosas, atentas, conformadas com sua situação.

Eram mudas, pois não falavam, não gesticulavam, não respiravam. Estariam mortas?

Pareciam esperar um milagre. O milagre de ser. De pertencer. Precisavam doar-se. Tinham e sentiam essa necessidade até sufocante que as impediam de respirar.
A vida, a quem as observava mais atentamente,estava condicionada à cor. A cor absoluta, delas, só delas.

Umas estavam coradas, vermelhas; sentiriam vergonha, representariam a vergonha, a sexualidade extravagante ou exuberante, ou a criatividade criadora?

Outras estavam pálidas, amareladas, pareciam desnutridas. Mas não pareciam abandonadas. Apenas esperavam. O quê elas esperavam? Um namorado, um esposo atrasado, um filho desatencioso? Como saber?

Outras eram verdes. Estariam enraivecidas de estar ali à espera de seus “donos”? Não espumavam, como dizem, de raiva. Apenas estavam verdes. Pareciam fora do “tempo de colheita”.

Outras pareciam tranquilas embora também esperassem; essa tranquilidade era expressa pelo azul, claro, às vezes escuro. Rescendiam a perfume da natureza pela calma que espargiam.

A imobilidade delas me tirou do êxtase. Entrei na loja e comprei uma blusa de cada cor.
Saí feliz e com vontade de saltitar. A idade me impediu. Poderia cair e daí...
MVA
Enviado por MVA em 25/11/2014
Reeditado em 25/11/2014
Código do texto: T5047704
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