Travessias
O ser humano abraça a poesia quando alcança a magia, ou viaja na maresia. Já os poetas viajam na solidão mesmo quando se encontram no meio da multidão, pois viajam na contra mão e aborrecem os financeiros.
Mesmo numa vida vazia o prazer do poeta é dizer todas as manhãs bom dia a todas as monotonias que afligem o mundo capitalista. O poeta sempre se encontra só no meio da multidão, ou está só premido pela multidão que o comprime.
A ponte entre a vida e a morte é uma questão de sorte, pois uns tem aviso prolongado, outros aviso nenhum. Pode ser uma ponte pequena ou de grandes dimensões, mesmo quem mora em mansão um dia vai delinear.
A vida é uma criança nua brincando no meio da rua que só vai conhecer a vida se um dia envelhecer. Nessa maratona buscando um novo amanhecer. Ninguém sabe se os teus olhos terá nova chance de abrir para ver se os teus parentes estão bem. E se tiver entendimento verá que tudo se transformou em nada, pois mesmo a fama da calçada no momento está descalça e não irá com você para onde você for.
A caneta da poesia não tem direito a lazer! Temendo alcançar a pedra fria sem antes ter dito o que tinha a dizer e de uma lânguida lápide ecoa a voz de um poeta dizendo: poetizar é nunca morrer antes de morrer.