Velório.

Num traumático acidente, onde a burocracia mortal se faz presente, com suas interrogações formais , a gente supera a dor e estanca as lágrimas para viabilizar providências inerentes ao trágico acontecimento. As perguntas de curiosidade mórbida nos fragiliza muito mais, do que nos conforta. Sem falar no espanto popular nestes momentos. Do local do acidente até o velório, as ações se movem em clima de impacto. O velório é a tentativa de suavizar a dor pela perda de um ante querido, com palavras solidárias e fraternas. Em relação à espiritualidade, ela se faz presente nos mensageiros da fé, todos buscando encomendar aquela alma ao Criador do mundo, que é algo confortante. Mas existe o outro lado da moeda. A morte é altamente comercializada. Todos os prestadores de serviços aproveitam da fragilidade psicológica do momento, só visam o lucro, as vezes com desonestidade. É claro que há exceções. Quem já passou por estes momentos sabe o que estou falando.

Essa crônica foi publicada em Março de 2000, no extinto jornal Diário da Tarde..

Lair Estanislau Alves.