Passada a batalha, fica a esperança...

Acho que criamos monstrinhos new revolucionários, ao menos é o que parece. Há 5 cinco jamais imaginaríamos pupilos tão engajados politicamente, o que para a época nos assustava, pois eram tão apáticos, inertes as questões policiais, sociais, econômicas e culturais. A época pareciam zumbis, terrivelmente assustadores, pois não omitiam opinião, não se ouviam as vozes. Não se sabia o que sentiam, pensavam. Eram apenas passivos de decisão.

Levo a crer que muitos passaram por um processo de epifania, revelação de algo para melhor entendimento de sua existência, e de fato saíram de um estado letárgico que muitos ainda sucumbem. Ou sendo ainda mais poético e revivendo Aristóteles falando das tragédias gregas, esses jovens sofreram ou melhor passaram por uma catarse devido a tamanha cegueira que lhes cobriram os olhos assim como foi Édipo, o rei incestuoso. Foi talvez a simbiose destes dois fenômenos que fizeram gigantes acordarem de sonos profundos marcados por sonhos e pesadelos que simplesmente não se manifestavam ou foram trancaram em invólucros negros, incapazes de serem vistos tão detalhadamente, mas que ao sabor do tempo e das experiências eclodiram.

Para muitos filósofos a noção de tempo é muito relativo e de fato hoje percebo isso, pois a evolução dos zumbis de outrora foi brutal que nem meus olhos perceberam. Hoje tenho o prazer de ver seus passos e ouvir vozes que antes pareciam lamúrias. Hoje percebo o quanto capazes de evoluir somos, melhor usar outro termo no lugar de evolução, pois tende muitos entenderem errado o uso aqui, troquemos por participativos, engajados ou militantes. Será que essa nova revolução tão aguardada ficara a cargo dessa geração?

As mudanças tão desejadas foram maturadas por esses que hoje vejo às ruas empunhando bandeiras, vertendo gritos de ordem, aprendendo a importância de exercer a cidadania ao limite que nos é permitido. E como é bom lembrar Cicero em a República, ao dizer que somos nós responsáveis pelo destino de nossa nação e pares, e cabe somente a nós essas escolhas e não a outros decidirem por mim ou tão pouco deixar de decidir. Talvez a nossa geração não tenha tido a necessidade de pegar em armas para protestar ou ser obrigado a fugir com medo da repressão, e muito menos esta que ousada e corajosa já demonstrou que ir às ruas é apenas uma questão democrática de se fazer ouvir e de brigar por uma sociedade mais justa e solidária.