A PÍLULA PARA FICAR RICO

Dizem que quando alteramos nosso estado interno, quer seja moral, quer seja emocional, sem se importar muito com o estado somático, conseguimos refletir a situação ali existente em nossa realidade. Isso significa que se estamos bem por dentro estamos por fora. Uma coisa puxa a outra, porém, sem a possibilidade de reversão: somente o interior pode moldar o exterior. É o que chamamos de esoterismo.

A sociedade industrial é responsável pela melhor qualidade de vida dos humanos do ponto de vista conforto. É nos confortável locomover, exercer atividades laborais, culturais ou de entretenimento. Mas não é verdade que salutarmente temos o mesmo resultado, uma vez que passamos o dia a nos intoxicar. Nos intoxicamos com as roupas que usamos, quando tomamos banho, quando usamos o celular, quando nos alimentamos ou nos enchemos de remédios, quando nos divertimos de frente para o televisor e debaixo da lâmpada elétrica.

E é a intoxicação que sofremos diariamente que nos causa efeito comportamental que nos colocam amuados, nos sentindo ineficazes, cansados, preguiçosos, sem força para pensar ou para anotar e por em prática os poucos bons pensamentos que nos aparecem, estúpidos, emburrecidos. Apesar de já terem admitido os males do mercúrio ao corpo humano, tendo em ocasião a crise de chapeleiros loucos que se deu na Inglaterra dos tempos da Revolução Industrial, nunca irão confessar que muita gente tímida e fadada a ser humilde e aceitar resignar-se que há por aí é vítima de intoxicação por alumínio, cádmio, dioxina, flúor, glúten, aspartame e outras substâncias. Os tantos elementos tóxicos que estão presentes nos produtos, nas embalagens e noutros recipientes ou exaladores de substâncias carregam uma ou outra coisa dessas.

E para qualquer aspirante a ficar rico que acredita que basta alterar seu estado interno de acordo com a configuração necessária para atrair prosperidade sabe que é bom observar quem já é rico e procurar imitá-lo. E quem é rico se sente internamente bem disposto, motivado, movido a entrar em ação, alegre, esperto. É imperativo estar com no mínimo duas dessas qualidades para se lançar à atividades que nos mobilizam a pensar, a raciocinar e a materializar o que raciocinamos.

E todos nós sabemos que há no mercado centenas de medicamentos e de estimulantes que produzem efeito no interior do organismo humano. Alguns aliviam dores, outros derrotam a fadiga, outros provocam ereção pubiana, outros fazem os músculos estenderem por causa da energia que quem os consome emprega em exercícios físicos. Guardando aqui a condição de alopáticos esses produtos e a de realmente promover o que eles dizem promover e a de não causar efeito colateral, o homem já faz condicionadores para que seu corpo atue otimizadamente no meio externo.

Então, por que não uma pílula para ficar rico? Uma pílula que quando tomada forçasse quem a tomou a tomar atitudes condescendentes com o ato de enriquecer. Uma pílula que tirasse o cansaço, a preguiça, o pensamento negativo, a procrastinação. Que conseguisse a proeza de fazer com que sejamos capazes de aumentar nossa inteligência, coordenar nossos pensamentos, derrotar nosso controle mental para subestimação, para depois analisar o que imaginamos e, feito uma bomba de vontade, fazer algo de útil com isso.

E era atrás dessa pílula que o professor Pascoal estava. Passou a noite fazendo cálculos, misturando elementos e pondo para ferver. No dia seguinte ele apareceu com algumas drágeas e fez a si próprio de camundongo de laboratório. E deu certo. Ele virou um superman do empreendedorismo. Sua produção da droga foi recorde. Partiu rapidamente para a praça do bairro onde mora e nela montou seu show room. As pessoas quiseram testar, já estavam cansadas de não tentar nada, compraram o estoque inteiro e ele voltou para casa só com o dinheiro, deixando para trás seus clientes a darem saltos incontinentes, por causa do efeito motivador da droga, pelo gramado e bancos da praça.

Se alguém ficou realmente rico o professor não ficou sabendo. Da noite para o dia é que não seria o acontecimento. Todos teriam que aguardar o tempo do mundo físico para ver seu investimento valer. Mas, ainda assim o professor não considerou que agiu de má fé vendendo uma promessa que sabia lá ele se poderia ser cumprida a de seus pobres consumidores ganharem um futuro brilhante. Afinal, sua pílula, vendida até a última capsula, foi um sucesso e isso fez acabar o estoque, que por sua vez fez o professor enriquecer. Então, era realmente uma pílula para ficar rico. E o Pascoal aproveitou bem seu efeito.