Navalha na Carne

Era uma noite de verão, Márcio havia tomado o seu remédio para depressão e sua esposa Júllia o aguardava na cama com uma camisola transparente. Uma passo, doi, três, logo após sentar à beira da cama, e exorcizar seus pensamentos negativos ele se deita. Sua esposa abre os olhos, vira para o lado de seu marido e passa os pés sobre os dele, vai se aproximando carinhosamente, passa a mão em seu rosto, vai descendo pelo corpo, até chegar à região da virilha. Márcio se assusta com seu carinho, e exclama:

- Hoje não amor!

Sua esposa se frustra com a resposta, logo ela tira as mãos do corpo de seu homem.

- É o remédio?

- Sim.

Júlia enraivecida, se levanta, vai ao banheiro e começar a chorar soluçosamente. Alguém bate à porta:

- Você está bem, meu amor?

Em seu acesso de raiva, ela acaba atacando os remédios e cosméticos que estão por lá, o que acaba sendo em vão, pois o único rival que poderia competir com ela, era uma navalha que se encontrava no chão, em meio ao caos que havia se criado. O som das batidas na porta ecoa pelo banheiro, mas Júlia naquele momento ouvia somente a si mesma. Assim como um gato caminha em direção à uma tigela de leite, a mulher engatinhava em direção ao seu destino.

PÁ! A porta se abriu. Márcio rapidamente foi acudir a sua mulher que havia feito um corte no pulso e encontrava-se desorientada.

- Você vai ficar bem meu anjo, fica comigo.

Enquanto dizia isso, tentava mantê-la acordada e ligava para o número emergencial. A ambulância chegou em pouco tempo, e logo levou os dois para o hospital. Júlia sofreu ferimentos leves no seu braço, mas ficou com uma cicatriz que carregará para sempre em seu corpo e em sua alma, como marca de seu atentado. Sentaram um ao lado do outro nos bancos que haviam do lado de fora da sala de consulta, após um longo tempo conversando chegaram a um consenso, por fim, resolveram aquela noite conflituosa com um beijo ardente. Acabaram indo embora daquele lugar com marcas que levariam para uma vida toda, mas sabiam que ao chegar em casa tudo se resolveria com o amor que havia entre eles.

Juca Rino
Enviado por Juca Rino em 14/12/2014
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