POR QUEM CHORAS?

Na manhã de 06 de dezembro de 2013, quando eu caminhava em direção ao meu local de trabalho, passei pela mesa de uma colega que me interceptou dizendo: — Rafael, estou preocupada com o Fulano hoje. Ele está se desmanchando em lágrimas”.

Sem querer acreditar no que ouvira, perguntei:

— Quem é que está choroso hoje?

— Fulano sô. O pior é que eu não o estou vendo lá, será o que houve?

— Sei não viu, estou achando esse fato por demais inusitado. Até onde a minha imaginação alcança eu não consigo crer no que você está me informando.

Ao olhar em direção à mesa do meu colega, o Fulano, pude perceber que ele estava confidenciando algo para outro colega, o Sicrano. Então o mostrei à minha afoita informante, que até então estava preocupada por não saber por onde o Fulano andava.

Percorri o trajeto que ainda faltava para chegar à minha mesa com todos os radares ativos, na tentativa de captar algum detalhe que pudesse me trazer alguma informação acerca do que se passava.

Não consegui captar absolutamente nada, apenas constatei que o Fulano ainda continuava suas confidências ao Sicrano.

Reportei-me indiretamente a uma colega, a Beltrana, perguntando-lhe:

— Beltrana, o que está acontecendo?

— Não está acontecendo nada, porque você está perguntando?

— Contaram-me que Fulano está se derretendo em lágrimas.

— Acho que sei o que é.

— O que é?

— Fulano está chorando a morte do Nelson Mandela.

— Ah, pelo menos ele chora por uma causa justa! A vida é assim mesmo, todos temos que partir um dia.

O Mandela virou símbolo de luta contra a segregação racial. Mas há muito que ele está sofrendo, lutando contra grave doença.

Enquanto ele pôde deu os melhores exemplos ao seu povo mostrando a eles que com fé, luta e perseverança são possíveis feitos gigantescos, inimagináveis.

O líder se foi, mas ficarão eternizados os seus valorosos exemplos e demonstração de que grandes revoluções são possíveis com pequenos gestos e atitudes elevadas.