Sem eira nem beira...

Sem recursos, na miséria, já se lê no dicionário. Mas não estou falando de dinheiro, estou falando de todo o resto, menos de dinheiro. Estou falando das coisas que incomodam, como a solidão que transfigura-se na ausência de alguém, uma ausência que é sinônimo de infelicidade. Entre tantas outras coisas, muitas delas que acabam por passar despercebidas.

Eu sou teimosa, e na qualidade de teimosa às vezes elaboro perguntas mentais que afloram idéias pensativas sobre coisas que talvez não tenham respostas. Minto! Se as idéias pensantivas que mentalizo não são lógicas, construo respostas minhas, das quais acredito ou comparo com as minhas teorias. E teorias minhas não faltam, já que eu não acredito muito nas terapias que são realizadas em consultórios psicológicos - pelo menos as terapias realizadas em pessoas com patologias cotidianas, e tenho dito.

Eu sou uma inovadora revolucionária, e causo frisson. Sou segura das coisas que acredito, e não suporto quando tiram conclusões preciptadas sobre as coisas que escrevo ou falo. Na verdade, existem inúmeras coisas que não suporto. E me deparo pensando nas pessoas sem eira nem beira.

Qual será o prêmio pessoal daqueles que sentem imenso prazer em vigiar e comentar a vida alheia? A primeira impressão que tenho é a falta do que fazer. Mas é claro que isso não é tão óbvio, existe um prazer intrínseco. Eu acredito - entre outras coisas - na necessidade de se projetar na vida daquela pessoa, na necessidade de comparação e de perceber o que é preciso para ter tanta sorte (ou azar, dependendo da concepção do que é sorte!). Sem contar as vezes em que observo com nitidez uma outra realidade, como por exemplo "Ela e o marido estão separados!" que na verdade quer dizer "Sou e estou mais feliz que ela!". Obviamente existe uma satisfação embebida nesse comentário. E não são apenas essas conclusões que podem ser extraídas dessa pergunta, minha mente arquitetou outras quinhentas possibilidades, baseadas em minhas teorias.

E como já foi dito, encontrei um termo para designar essas mesquinharias humanas que fazem com que eu elabore respostas para justificar (mesmo não justificando!) : sem eira nem beira. O que quer dizer que, de alguma forma algumas pessoas se encontram desorientadas. Precisam de uma solução que talvez encontre na luz de uma reflexão contínua, e quem sabe percebam que cada um é feliz à sua maneira e que querer se igualar aos outros é se desencorajar. E querer maltratar os outros é talvez tentar se esquivar de ser humilhado. Não é preciso nem estudar psicologia.

Eu acredito em muitas coisas, dentre elas a possibilidade de Deus ter nos dado o poder de curar à nós mesmos. Se a auto-destruição está na mente, o remédio não deve estar fora dela.

Flávia Freitas
Enviado por Flávia Freitas em 30/05/2007
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