A Máquina

Sede.

Não de água. Mas de algo que não sinto já faz um tempo.

Tenho uma máquina no peito, que bate e pulsa. Ela é alimentada por diversos combustíveis. E o que eu estou procurando, já não consigo encontrar.

Também pudera, sou um tolo, acreditei em um falso que me disse que ali, naquele recipiente, havia o combustível do qual minha máquina precisava. Fui com sede e acreditei ter encontrado. Pobre de mim. Fui enganado pelo pior dos larápios. Maldito Cupido. Mais uma vez caí em suas estripulias, dei ouvidos à ele e esqueci de ouvir a razão.

No que resultou minha ínfima atitude de matar a sede? Na mais completa catástrofe.

Caos. Dor. Medo. Receio. Temor. Angústia. Ardor. Ingredientes malignos engarrafados naquele recipiente. Tão belo, tão frágil, tão sedutor.

Como fui tolo.

Embriaguei-me do seu teor. E imediatamente senti a maquina pulsar e bater tão forte, tão ardente. Parecia que nada poderia faze-la parar. Até ver que deveria olhar melhor nas entrelinhas. Em questão de tempo estava viciado. Queria apenas aquele combustível. Nada mais me satisfazia. Porém, o recipiente não produziria mais o mesmo combustível que eu tanto prezava, que eu tanto precisava, que eu tanto amara. Tudo o que ele me ofereceu, foram certezas de que havia me enganado, e o que dali sairia, me manteria apenas acordado. Mas que minha máquina haveria de procurar outro combustível, para assim pulsar.

Mas então e lhe pergunto. Como encontrarei outro recipiente tão belo que pudesse fornecer-me o combustível único, que encontrei em você?

Roger Silven XII
Enviado por Roger Silven XII em 22/12/2014
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