Egoísta

Já quis ser ouvido, sempre achei que tinha algo pra dizer as pessoas. Eu já quis ser notado, pra mostrar que poderia fazer algo revolucionário. Eu já quis mudar o mundo, e implantar diretrizes as quais considerava justas, belas e eficazes. Mas hoje em dia não, prefiro ficar em silêncio, não ser notado, beirar a invisibilidade, mudar só o meu mundo. Não escrevo pra ser lido, escrevo apenas pra não falar sozinho. Desisti das minhas opiniões sobre religião, dos debates políticos, das tentativas de orientar e elucidar meus pares. Sou um desistente, talvez um desertor, pois abandonei esta batalha em vão. Posso me considerar um homem livre, sem ideologias pra defender, não pertencendo a qualquer tipo de grupo social, religioso ou político, sem amarras, sem amigos. Desfruto da minha solidão, com plena consciência de que no mundo habitam poucas pessoas com as quais me importo e são vitais pra mim (a elas me orgulho de me referir como família). Portanto não defendo a causa indígena, nem as feministas, as crianças da África, legalização da maconha, os gays, os animais, a esquerda ou a direita, são indiferentes pra mim. Prefiro o meu egoísmo assumido de buscar apenas os meus interesses, sem travesti-lo de causa essencial coletiva, como fazem os bonzinhos salvadores do mundo.