CUSPIR SAPOS
     
   


       De tanto se evitar confusões, o estômago se enche de sapos. “Engolir sapos” é uma expressão popular que significa passividade em relação a ofensas, insultos, traição, mentiras, etc. Uma reação agressiva diante de uma ofensa,por exemplo, pode ocasionar sérios problemas. Por isso, não reagir é um comportamento importante para evitar um mal maior.
     Em pleno natal, regurgitei e cuspi todos os sapos que estavam no meu estômago. Tudo começou quando mudei de direção no trânsito sem sinalizar com seta. Erro grave! Entretanto, o motociclista que estava atrás vinha “colado” na traseira do meu veículo. Outro erro grave! De repente, ele grita:_” Cadê a seta?! Filho da puta!”. De uma coisa é certa, no Brasil, temos a cultura de não aceitar bem esse tipo de xingamento. Retornei o veículo e fui atrás dele. Era um moleque com a cara cheio de espinhas, franzino, de chinelos, com aproximadamente 16 anos. 16 anos! Ora, no Brasil, carteira de habilitação só é liberada para maiores de 18 anos. Foi aí que o sangue esquentou!
     A primeira coisa que perguntei a ele foi se tinha carteira de habilitação. Ele respondeu com a voz baixa que não. Nesse momento, todos os sapos que engoli ,durante um bom tempo, saíram em direção ao moleque. Duvido muito que ele vá xingar a mãe de alguém nos próximos anos. Fui logo jogando na cara dele sobre a moral que ele tinha de me chamar a atenção, pois ele estava completamente errado. Silêncio total! Ele nem conseguia pedir desculpas. Depois do total esporro, fui embora.
     Sentia-me mais leve quando cuspi os sapos, mas consciente de que também agi errado. Os sapos que comprimiam a mola da minha paciência foram catapultados. Quanto mais sapos, mais comprimido ficava a mola. Era preciso cuspi-los! Eis um dos exemplos de tantas confusões no trânsito. As pessoas cospem sapos no local errado. Um lugar que considero bom para se cuspir sapos é no estádio de futebol. Xinga-se jogadores, técnicos, juízes. Somente palavras. Aqueles que bringam em estádios não possuem excesso de sapos, mas excesso de ignorância.
     Depois desse alívio que senti, pensei no moleque. Um dia esse moleque irá cuspir os sapos em alguém. Sabe-se lá Deus quantos sapos ele também já engoliu! Outra coisa que pensei foi sobre os meus sapos. Quantos desses sapos eram justos ou injustos? Na balança, os sapos injustos são mais pesados. O Segredo é não acumular sapos! (A  mola não aguenta). Engoli-los é inevitável!


 
Autor: Diego Magalhães