Mil e quantos?

Há certa discrepância por parte dos brasileiros em fatos que povoam nosso cotidiano. Nos últimos dias uma notícia tem provocado grandes discussões para aqueles que amam o futebol (a grande maioria), Romário e seu milésimo gol. Reconheço que esperava bem mais pompa por parte da impressa do que foi divulgado, ainda sim houve certos exageros. Enaltecer o baixinho pelo feito faz com que o povo estabeleça padrão de valores díspares. E este conceito vai de encontro com uma velha dádiva do país: o jeitinho brasileiro.

Como é certo, vários meio de comunicação pesquisaram e comprovaram que o milésimo gol de Romário não teria esse número por faltar mais de cem nesta contabilidade. Explica-se: Romário tem para si que os gols que fez quando ainda era da categoria dos juniores, essa antecede ao profissional, vale em sua contagem. O argumento: “Pelé também conta os gols que fez pela seleção do exército, por que eu não posso”? Correto em sua afirmação, mas longe de ser rei, incorreto no que diz respeito a nossa memória.

Pelé fez quinze gols pela seleção do exército, quando tinha dezoito anos, ou seja, há três como jogador profissional. Se não contarmos com estes quinze lhe sobram mil duzentos e sessenta e sete. E mais. Quando Pelé fez seu milésimo gol ele tinha 29 anos.

Pareço desmerecer o fato de Romário chegar a esse número. Não é verdade. A maior indignação vem por conta dos torcedores, brasileiros em geral, em se conformar com tudo que lhe é dito e afirmado. Muitos mais poderiam carregar esta culpa que não nos afetaria de forma alguma. Mas o exemplo que ela demonstra vai continuar por gerações que conformados permanecerão na exatidão do nada. Como já vem sendo há algum tempo. Baseado nesta comparação como poderemos assimilar o que é verdadeiro ou falso? A publicidade em cima dos mil gols quer nos convencer que podemos comprar aquilo? Vendemos nosso orgulho assim tão fácil? O futebol, agora mais do que nunca, representa o que o país pensa de seus políticos e heróis, mesclando alegrias com frustrações. Ainda assim fica a questão: continuaremos dessa forma ou deixaremos para amanhã?