Cinco centavos

Subo afobado no ônibus depois de mais de quinze minutos de espera me dou conta de tirar o dinheiro para pagar o cobrador, acho que o dinheiro está passando, mas depois de conta-lo percebo que não está. Que ironia está faltando cinco centavos, não, não está, devo ter colocado no outro bolso, merda! Conto-o outra vês, não consigo acreditar que isto está acontecendo comigo. O que faço? Peço para parar, alegando ter pegado o ônibus, pago com as moedas, quem sabe o cobrador não erre ao conferir, mas se ele conferir, que constrangimento, bosta, acho que o cobrador já percebeu que tem alguma coisa errada comigo.

Levanto-me, dirijo-me a roleta e digo:

_Posso ficar te devendo cinco centavos?

O cobrador apenas balança a cabeça afirmativamente. Que alivio!

Sento-me envergonhado, me sentindo um criminoso sem coragem de encarar o reflexo da moça bonita no vidro do ônibus. Provavelmente ela também percebeu e agora se seguravapara não cair nas gargalhadas, o cobrador sério conta o dinheiro do caixa e isso não me deixa em paz, nunca mais vou andar de ônibus, provavelmente o cobrador nunca vai esquecer meu rosto.

Começo a ter outros pensamentos, quem sabe toda vez que andar de ônibus não possa economizar cinco centavos?

Entra mais um passageiro, cumprimenta o motorista, cumprimenta o cobrador e os dois começam a conversar, abaixo a cabeça provavelmente o cobrador vai se referir a mim com desprezo, com se eu fosse um mendigo. Lembro-me da festa que fui no fim de semana na qual eu torrei meu suado dinheiro e agora estou tendo que passar por isso. Sem querer encaro a moça, ela não ri graças a deus, ela pede pra sair no centro, o cobrador continua conversando com o outro passageiro, sinto vontade de sair do ônibus, mas teria que andar muito a pé, o outro passageiro sai, o cobrador parece esquecido.

Entram outros passageiros, são pessoas que conheço de vista, sei que eles não sabem, mas me sinto mal mesmo assim, olho para fora do ônibus.

Até que em fim chegou meu ponto.

Denis Glauber da Silva Reis
Enviado por Denis Glauber da Silva Reis em 31/12/2014
Reeditado em 19/01/2015
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