SOMEWHERE OVER THE RAINBOW

SOMEWHERE OVER THE RAINBOW

Certa vez entrevistaram um atleta que ao longo de sua brilhante carreira só acumulara vitórias. O mesmo estava se aposentando das competições para se dedicar a formação de novos atletas. E, então, perguntaram:

- Por que o senhor está se retirando dos esportes? Os analistas esportivos dizem que a decisão está sendo precipitada e equivocada, sendo que você ainda está no auge e há muitos pódios e troféus para conquistar.

O sábio atleta, saboreou o breve silêncio que se fez após esta pergunta e, então, respondeu:

- É justamente por causa do pódio e do troféu que estou me aposentando. O troféu após erguido vai para uma estante e fica por lá acumulando pó, espaço e teias de aranha. Para que mais serve? E o pódio, ah, como este sempre é solitário. Mesmo com as luzes, os flashes e os elogios que tocam superficialmente apenas. E depois do pódio, o que há? Na minha juventude, a vaidade me impelia a correr atrás destes ouros-de-tolo, destes falsos brilhantes, contudo, depois de algum tempo, descobri que depois de efêmera comemoração, toda a neurose do processo me arrebatava como um chocalho. Eu tinha que vencer pelo patrocinador, pelo país. Mostrar que eu era melhor que todos os outros competidores. E para quê?

E com sorriso nos olhos continuou:

- Foi então que percebi que se algo me incomodava, competia a mim fazer a diferença. Como treinador, poderei orientar meus atletas sobre o valor do processo, das parcerias e até mesmo dos adversários e obstáculos da vida. Também ensinarei aos mesmos que não é preciso subir ao pódio para vencer e também que não é preciso ser melhor que ninguém para mostrar o seu talento. E se for para subir ao pódio, que não subamos sozinhos, mas levemos conosco todos aqueles que nos ajudaram e nos incentivaram ao longo do caminho. E que o melhor troféu seja, não aquela taça que se ergue ao final de um campeonato, mas aquele que se ergue dentro de nós e reluz como uma estrela. Não acumula pó, nem espaço, nem envelhece (é uma conquista atemporal e permanente) e jamais perde o brilho. Gostaria que tivessem me ensinado isto, porém, como não posso voltar no tempo e mudar o início, posso atuar no presente e criar um novo começo para aqueles que desejem trilhar o mesmo caminho que outrora eu trilhei. Namastê.

O atleta, então, colocou um bonezinho de treinador, levantou-se e com um sorriso retirou-se, assoviando uma melodia que lembrava a música "Somewhere over the rainbow".

“VENCER SOZINHO: MOMENTO EFÊMERO, SOLITÁRIO E INSÓLITO; VENCER EM EQUIPE: MOMENTO ETERNO, DE LUZ INFINITA, VITÓRIA ATEMPORAL, FELICIDADE COLETIVA E INDISSOLÚVEL”

FELIZ 2015! QUE AS CONQUISTAS DESTE ANO SEJAM ETERNAS!

Crônica/Parábola que fiz após estudar textos da kabbalah, Budismo, Espiritismo, Cortella, Marins e mestre Lalá (Laércio Fonseca) - A todos vocês, obrigado pela inspiração.