REVENDO FOTOGRAFIAS

Numa visitinha à tia Rosita encontrei uma foto do aniversário de dois anos da Celiane, minha irmã caçula, que esse ano completa trinta, e embarquei numa verdadeira viagem no túnel do tempo.

Um bando de crianças horrorosas. A decoração da festa, meu Deus! Fatias de bolo embaladas em guardanapos, formando trouxinhas; copinhos descartáveis e garrafas de refrigerante (Crush, Grapette, Mirinda e Guaraná Brahma - é o novo!) espalhados pela mesa. O bolo confeitado era resultado do empenho do meu pai: ovo batido com açúcar e ki-suco de groselha pra dar o efeito colorido.

E na foto, claro, eu, pequenina (parecendo o Arnold do seriado), muito satisfeita, ao lado da aniversariante. Ninguém poderia imaginar que hoje eu seria tão bonita!

Examinando as figuras ao meu redor, quem está lá: minha mãe; meu pai; a tia Rosita; meu primo e meus irmãos (faço as contas rapidamente e percebo que dos oito faltam dois). De um lado da foto há duas meninas, com trajes iguais (vestidinhos azuis), mas não consigo me lembrar quem são. As gurias Ângela e Angelita (a Itinha) marcaram presença nesse dia, também com vestidos iguais no modelo, diferentes somente na cor, um rosa e outro azul. Na época era comum a prática de vestir irmãs iguais. Menos lá em casa, já que nossas roupas geralmente eram “herança”. Inclusive o vestido vermelho com bolinhas brancas e lacinhos de fita azul marinho, usado pela aniversariante, já havia pertencido a minha outra irmã, foi seu traje do desfile cívico do 7 de Setembro, que acontecera oito meses antes.

Outra coisa me chama a atenção: a parede por trás da foto. Bem no meio dela um espelho que, refletindo a luz, acabou prejudicando a imagem do meu pai, e um porta-toalhas de madeira (devia ser chique naquela época um negócio desses). Além disso, alguns quadros: o clássico do casal, o da minha vó materna, uma moldura com João Paulo II, e vários santos (Santa Luzia, São Francisco, Sagrada Família, Sagrado Coração, São João Batista, etc).

Passaram-se 28 anos daquele dia feliz. Uma viagem e tanto... não só à Uruburetama, mas também ao passado memorável de minha infância!

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 20/01/2015
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