DO REAL SOMBRIO, À LUZ DO IMAGINÁRIO

Década após década, a cada governante e a cada comandante que assume o cargo, o discurso é sempre o mesmo: “... vamos investir pesado em segurança, com a construção de tantas mil vagas no sistema prisional, abertura de concursos para ampliar em tantos mil o efetivo, tanto da polícia civil, quanto da polícia militar. Adquiriremos mais carros, mais motocicletas, tanques, barcos e até aeronaves, todos com equipamentos de primeiro mundo, daremos treinamento para os efetivos, tudo para combater o crime... EM MEU GOVERNO O CRIME NÃO TERÁ VEZ”.

Apesar dos vultuosos gastos com a segurança, sem o necessário reordenamento de toda a engrenagem, o crime só vem aumentando, década a década. E o pior: a carga de crueldade empregada em cada delito está cada vez mais perversa.

Não bastasse o incalculável volume financeiro e logístico adotado pelos governantes de todas as legendas partidárias, também as pessoas e empresas estão tendo que desembolsar volumes cada vez maiores no intuito de prover o mínimo de segurança. O que, aliás, é dever do Estado fazê-lo.

Desprotegida e limitada pelas leis que só punem os ordeiros, a população tenta de toda forma minimizar os riscos de se tornar alvo da marginalidade.

Com isso, ao custo de tudo aquilo que adquirimos é agregado o valor gasto com o aparato de segurança. Tudo em vão.

Sonho com o dia em que algum governante, no contra-fluxo dessa tendência quase secular, declare: “no meu governo não construiremos uma unidade prisional sequer. Não será contratado mais nenhum policial, não investiremos mais nenhum centavo em armamentos.

No meu governo acompanharemos a gestante e seu filho, mesmo antes de seu nascimento, através de uma saúde pública que realmente funcione. Investiremos em creches nas quais as mães que assim o desejarem possam deixar os seus filhos em segurança, em período integral. E lá, desde a tenra idade eles serão encaminhados a uma vida digna, produtiva e responsável.

Investiremos forte na educação como um todo e, quando esses novos brasileiros concluírem o ensino fundamental, já terão arraigados o valor do conhecimento, do trabalho, da independência financeira, da ética, da cidadania etc. Não serão, como muitos da geração dos seus pais, que passaram toda a vida nas filas do bolsa-família, bolsa-isso, bolsa-aquilo. Não precisarão invadir propriedades alheias em busca de moradia gratuita. Ao contrário, saberão que nada é tão gratificante quanto trabalhar para conseguir o que se quer. E assim já terão consolidado que caminho profissional seguir e irão ingressar, quer no curso técnico ou universidade, já com a opção de carreira definida.

Por outro lado, corrupção e bandidagem serão punidas com o maior rigor possível. Aquele que for apanhado em delinquência, após o Trânsito em Julgado da Sentença Penal Condenatória, terá que pagar cada fração da punição a ele imposta e terá que prover o seu próprio sustento.

Dessa forma os bilhões de reais que seriam gastos na rubrica da segurança pública, serão canalizados para a educação, saúde, infraestrutura e tudo o mais que for possível, em benefício da própria população.

Os índices de criminalidade cairão drasticamente, as cadeias e penitenciárias se tornarão obsoletas, serão demolidas. Todo o aparato de segurança será gradativamente reduzido, as pessoas viverão em segurança e sobrará mais recursos para as outras pastas.”

Quem sabe eu possa viver o suficiente para ver essa transformação de mentalidade por parte dos “Donos do Poder!”

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 30/01/2015
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