Diário do Hospício. Carta n1.

Diário do Hospício.

Carta n1.

Os meus dias passam rápidos, eles voam nas asas do vento, a minha única companhia é a saudade, minha alma é triste, estou afogado em tantos pensamentos em tantas lembranças boas de nossos momentos felizes, das muitas aventuras, do meu sorriso largo e juvenil.

Todos os dias eu venho ao mesmo lugar, é a mesma rotina chata, mas esse lugar é o nosso cantinho secreto. Gosto de me sentar à beira da frondosa árvore da qual não sei o nome, fico observando os pássaros, e pensando remoendo as lembranças ate que de meus olhos nasçam lagrimas, mas elas logo vão embora e me deixam na mais dura e completa solidão. A imagem dela surge a todo instante na tela do pensamento bela como um anjo, em meus devaneios ela surge com suas asas longas e brancas, e depois vai embora.

Sei que não a verei mais, talvez eu desfaleça de saudades em pouco tempo, ou talvez eu fique ainda mais louco do que dizem que estou o tempo me dirá o que será desta alma atormentada.

Hoje eu não quero sentir medo, e nem entrar em desespero, mas ficar assim longe da imagem de meu anjo ledo é torturante, perdoe-me anjo ledo se eu não há tenho procurado mais entre as estrelas, ultimamente o céu não está colaborando muito, tem chovido bastante a noite, outro dia recebi a primeira carta sua, isso me deixou muito feliz, na carta havia uma fotografia sua, eu a escondi embaixo do colchão. As suas asas estão ainda mais belas de quando a vi pela ultima vez. Houve um dos internos que tentou roubar a fotografia, tive que tomar uma atitude, acabei por espanca-lo, isso me rendeu um mês no isolamento, quase enlouqueci chequei a beira do precipício.

Espero receber outras cartas sua, e um dia sair desse sanatório imundo, todos aqui pensam que estou louco, já não sei mais o que pensar, talvez estejam certos, mas se amar você tanto assim for loucura ficarei o resto da vida aqui, espero que me perdoe pela violência que causei ao interno da qual lhe falei, aquela foto é a única prova de que você é real, é a maneira que tenho de manter sua imagem viva na memoria. Estarei todos os dias aqui, ao pé da frondosa árvore, te esperando, sei que você é real, e que não estou ficando maluco.

Sinto um peso enorme sobre os meus ombros, uma angustia crescente e desregrada, às vezes a vida parece não ter sentido, mas lembro-me da sua face majestosa de seu talhe magnifico, apenas eu e você sabemos a verdade e a mentira, o certo e o errado. A nossa vil sociedade me interpreta como não alienado, sem condições do convívio social, mas estão todos errados, eles é que estão malucos, eles é que deveriam estar presos neste inferno.

Adeus anjo ledo, vou me recolher ao meu aposento, a minha sela, a minha morada, o meu olimpo caído, adeus anjo ledo, amanha retornarei para lhe contar as boas novas.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 06/02/2015
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